Milei baixa decreto para impor submissão ao FMI sem passar por discussão no Congresso

Presidente argentino amplia sua submissão ao Fundo Monetário Internacional. Oposicionistas denunciam “ato de endividamento com uma organização financeira (estrangeira), em clara violação do disposto nos artigos 75 e 76 da Constituição Nacional”

Milei, assinou, nesta segunda-feira (10), mais um de seus DNU (Decreto de Necessidade e Urgência) pelo qual amplia sua submissão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), endossa o acordo e ainda o isenta de enviar um projeto de lei sobre o assunto ao Congresso para debate, como manda a Constituição. Publicado no Diário Oficial, o documento não especifica o valor, nem o calendário de pagamento ou os juros através dos quais a Argentina será extorquida.

Feito bem ao gosto do freguês, a alegação utilizada pelo governo é a mais genérica possível, dizendo que a decisão visa “fortalecer a sua posição financeira, garantir a estabilidade macroeconômica, o acesso da Argentina aos mercados de crédito internacionais, a redução das restrições cambiais e a redução da inflação”.

Em resposta, um grupo de parlamentares da União pela Pátria (UxP) apresentou a queixa contra o golpista e aos coautores que “intervieram na preparação e assinatura do DNU”. Segundo os oposicionistas, a tentativa de Milei “tem por objeto um ato de endividamento com uma organização financeira (FMI), em clara violação do disposto nos artigos 75 e 76 da Constituição Nacional”.

Na prática, adverte a UxP, a assinatura do decreto por Milei poderá afetar a “estabilidade democrática” e a “ordem institucional do país”, razão pela qual exigem a suspensão imediata de qualquer ato que represente o endividamento argentino sem a aprovação do Parlamento. Igualmente, a oposição aponta que a Justiça notifique a Câmara dos Deputados e o Senado para que intervenham no caso e que sejam adotadas medidas cautelares para impedir a execução do DNU.

Cristina Kirchner também foi contundente no repúdio à armação fraudulenta. “Pare de mentir para as pessoas Milei… ninguém acredita em você. Na realidade, estás tão desesperado por falta de dólares que vais acabar fazendo o péssimo negócio para os interesses do país de trocar uma ‘dívida barata’ e controlável por outra ‘dívida mais cara’ que, além disso, sujeita a Argentina a uma extorsão permanente”.

CIDADÃOS QUEREM CAUTELAR PELA SUSPENSÃO DO DECRETO

Como medida cautelar um grupo de cidadãos solicitou nesta terça-feira (12) que a Justiça ordene a suspensão da validade e dos efeitos do decreto. O pedido defende que o Executivo seja ordenado a não assinar com o FMI qualquer operação de crédito público realizado no âmbito do instrumento assinado por Milei e todos os membros do seu gabinete de ministros.

A apresentação judicial foi feita pelo advogado Jonatan Baldiviezo, fundador do Observatório do Direito à Cidade; o advogado Marcos Zelaya; María Eva Koutsovitis, fundadora do movimento A cidade somos aqueles que a habitam; e o economista Claudio Lozano, presidente do partido Unidade Popular (esquerda).

Conforme o jornal Página 12 , o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) apenas aguarda aprovação do organismo internacional, que deverá usufruir “das letras intransferíveis em dólares detidas pelo Banco Central” para “as operações de crédito público”.

Até então o governo vinha decidindo “não comprometer a sua política econômica de déficit zero”, como afirma o documento. Portanto, os recursos, cujo valor é desconhecido, “devem ser utilizados exclusivamente para cancelar dívidas do Tesouro Nacional, com o Banco Central e dívidas com o FMI”.

De acordo com a lei de Sustentabilidade da Dívida Pública, aprovada pelo Congresso argentino em 2021, o Executivo deverá solicitar autorização de ambas as câmaras para assinar acordos com a organização internacional de crédito. No entanto, Milei justificou a assinatura do decreto, que o dispensa de enviar o PL, salientando que “a (sua) competência não é aprovar os termos e condições de um acordo celebrado com o FMI, mas sim aprovar a operação de crédito público através da sanção de uma lei”.

Da mesma forma, na enrolação, o presidente defendeu que é uma “necessidade manifesta” recorrer aos créditos do FMI e à dívida com o Banco Central e garantiu que existem “circunstâncias excepcionais” devido “à gravidade da situação” e à necessidade de resolver a questão “imediatamente”.

O Congresso poderá agora discutir o DNU e ele só será rejeitado se a Câmara dos Deputados e o Senado votarem contra.

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Respostas de 2

  1. Bastante tendencioso este veiculo de “informação”. Dá pra ver as digitais dos esquerdopatas que redigiram o comentário. Putz!!!

    1. Tendencioso? Realmente, temos uma “tendência” a favor do povo. Se a sua é contra o povo, é inevitável uma contradição, um choque. Mas, quando se tem uma “tendência” a favor do povo, não é preciso fugir dos fatos ou inventar fatos (isto é, recorrer às fake news). Aponte algo nessa matéria que não seja fato.

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