“É insanidade Netanyahu querer acabar com a Faixa de Gaza”, diz Lula

Presidente brasileiro também tem defendido o fim do poder de embargo e voltou a falar sobre reformulação do colegiado. Faz tempo que ele faz essa crítica à ONU (Organização das Nações Unidas)

“Insanidade”, é como presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a classificar a resposta de Israel aos ataques do Hamas. E dessa vez atribuiu diretamente ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ressaltando que ele quer “acabar com a Faixa de Gaza”.

A afirmação foi feita, nesta sexta-feira (27), durante café com jornalistas no Palácio do Planalto.

“Não é porque o Hamas cometeu ato terrorista contra Israel que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade. Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. Os Estados Unidos poderiam ter uma interferência maior. Mas as pessoas não querem, as pessoas querem guerra”, criticou o presidente.

“Dissemos em alto e bom som que não é possível [o Hamas] fazer um ataque, matar inocentes, sequestrar gente da forma que fizeram, sem medir as consequências”, disse Lula.

“Agora temos a insanidade também do primeiro-ministro de Israel, querendo acabar com a Faixa de Gaza, se esquecendo de que lá não tem só soldado do Hamas. Tem mulheres, crianças, que são as grandes vítimas dessa guerra”, destacou.

Lula ainda chamou de “loucura”, o direito de veto de membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

Na semana passada, a proposta de resolução brasileira de ajuda humanitária e cessar-fogo na região foi vetada pelos EUA.

Dos 15 membros do colegiado, 12 votaram a favor, 2 se abstiveram e apenas os Estados Unidos foram contra, por meio do veto, que derrubou e bloqueou alguma decisão. Desse modo, prevalece a decisão do genocídio perpetrado por Israel contra o povo palestino.

Como EUA é um dos membros permanentes do Conselho e tem poder de veto, a proposta brasileira foi derrubada.

PROPOSTA BRASILEIRA OBTEVE 12 VOTOS, ENTRE 15

“Eu vi uma manchete aqui no jornal dizendo: a proposta do Brasil foi rejeitada. Não é verdade, é mentira. Não foi rejeitada. Tinha 15 votos em jogo, ela teve 12, 2 abstenções e 1 contra”, explicou Lula.

“Como ela pode ter sido rejeitada? Ela foi vetada por causa de uma loucura que é o poder de veto concedido aos 5 países titulares do Conselho, que eu sou totalmente, radicalmente contra. Isso não é democrático”, completou o presidente.

O Brasil reivindica assento permanente no órgão e defende a entrada de outros países como o Japão e a Índia. Além de defender a reformulação do grupo, o petista apontou o que chamou de contradição.

PROMOTORES DA GUERRA

O presidente questionou o fato de os 5 — Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia —, com poder de veto serem justamente os que promovem guerra. “São os 5 países do Conselho de Segurança (membros permanentes) que fabricam armas, que vendem armas, que fazem guerra”, ponderou.

“É a contradição. Por isso que nós queremos mudar o conselho”, questionou.

ESTADO PALESTINO

Em outubro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do conselho e, durante este mês, comanda as reuniões. Uma semana após o início da gestão brasileira, o Hamas atacou Israel dando início ao conflito no Oriente Médio.

O presidente Lula defende como solução para o fim da guerra a criação do Estado Palestino.

CRÍTICA AOS EUA

Governo brasileiro fez crítica de forma velada ao veto dos EUA, a projeto de resolução que havia apresentado no Conselho de Segurança e alertou que o momento é “decisivo” para a ONU. Esta informação é da coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL.

Em discurso durante o debate na Assembleia Geral da ONU, o embaixador Sérgio Danese defendeu suspensão das hostilidades em Gaza, a criação de pausa humanitária e o acesso de bens para a população. Para ele, a entidade precisa dar resposta à crise e o atual modelo “fracassou”, disparou.

Discurso ocorreu momentos antes de a ONU votar resolução que vai pedir “trégua humanitária” na Faixa de Gaza, proposta pelos países árabes e como reação ao impasse vivido no Conselho de Segurança.

AJUDA HUMANITÁRIA IMPRESCINDÍVEL

Enquanto o embaixador falava, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarava em outra sala que a entidade teria de parar a ajuda para Gaza se não houvesse acordo humanitário.

Para o Brasil, o momento é decisivo:

“Nossa resposta coletiva a essa crise, que todos tememos que só se agravará se nada for feito, será um momento decisivo para a ONU. Ele mostrará se a ONU pode levar a sério a prevenção, o fim ou, pelo menos, a mitigação dos horrores da guerra”, pontificou Sergio Danese, embaixador do Brasil na ONU.

M. V.

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Uma resposta

  1. Sr. Lula, o que é isto?
    “Os Estados Unidos poderiam ter uma interferência maior.”
    Acredito que o Sr. quis dizer o contrário mas se enganou, não é?
    Todos nós queremos que os EUA parem de interferir nos negócios de outros países, eles não respeitam a soberania de ninguém.

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