“Tempo da colônia já passou”, afirma Gleisi sobre acordo Mercosul-UE

Presidente do PT diz que “não dá para só os países da América do Sul cederem nas negociações”

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu a posição de Lula na negociação do acordo Mercosul – União Europeia e disse que “não dá para só os países da América do Sul cederem” e que “o tempo da colônia já passou”.

“Lula está certíssimo em reagir à falta de acordo entre o Mercosul e a União Europeia, o tempo da colônia já passou. Não dá para só os países da América do Sul cederem nas negociações enquanto as nações ricas praticam um protecionismo selvagem”, publicou a dirigente em suas redes sociais.

Lula falou que “se não tiver acordo, não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil”.

“Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, disse.

As falas de Lula e Gleisi respondem ao posicionamento do presidente da França, Emmanuel Macron, defendendo que o acordo entre os blocos deve prever sanções para os países do Mercosul em caso de quebra de acordos ambientais.

Porém, os europeus não propõem nenhum tipo de sanção para o seu próprio bloco caso não cumpram o Acordo de Paris.

Macron disse que é “contra o acordo Mercosul-União Européia”. “É um acordo completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que a nós estamos fazendo” no sentido da preservação ambiental.

O posicionamento da diplomacia brasileira, reforçado pelos demais membros do Mercosul, é que o bloco não pode submeter os países mais pobres aos mandos dos mais ricos.

Os europeus chegaram a inserir no acordo sua participação nas compras governamentais dos países do Mercosul.

“O que eles não sabem é que nós também temos 4 milhões e 600.000 pequenas propriedades, de até 100 hectares, que produzem quase 90% do alimento que nós comemos e que são alimentos de qualidade e que nós também queremos vender”, disse Lula.

“Nós também temos indústrias, nós queremos crescer, e não vamos facilitar as compras governamentais porque queremos que a nossa indústria cresça”, continuou.

Apesar dos empecilhos colocados por Macron, Lula falou que “enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo eu vou lutar para fazer”.

O Brasil está conversando diretamente com a Alemanha e com a Espanha para tentar destravar o acordo.

“Depois de 23 anos [de negociação], não concluir o acordo eu penso que é porque estamos sendo irrazoáveis na necessidade que temos de avançar nos acordos comerciais políticos e econômicos”, avalia o presidente Lula.

No dia 7 de dezembro, será realizada a 63ª Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, e a expectativa é que o acordo não seja fechado nessa data.

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