Sindicância do GSI denuncia que Segurança do DF não alertou sobre golpistas de 8 de janeiro

O documento também aponta falha na comunicação como um dos fatores que prejudicaram a ação contra os terroristas. Órgão também inocentou o general Gonçalves Dias

A sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sobre a invasão de golpistas ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro apontou falha na comunicação e que o órgão não recebeu qualquer e-mail da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) alertando sobre a ameaça dos golpistas.

A investigação administrativa interna do GSI durou quatro meses, de 31 de janeiro a 6 de junho e divulgada agora pelo g1.

Na época, a Secretaria de Segurança Pública do DF era comandada por Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro. Na véspera dos atrozes atos de 8 de janeiro, Torres evadiu-se para os EUA, onde o ex-presidente já se encontrava, deixando a Secretaria sem plano de enfrentamento aos golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes. Oficialmente, Torres só sairia de folga no dia 9 de janeiro, mas antecipou sua saída mesmo sabendo de toda a movimentação golpista.

Segundo o g1, o GSI aponta a falha na comunicação como um dos fatores que prejudicaram a ação contra os vândalos. A sindicância também pede abertura de procedimentos acusatórios (investigação interna) contra dois militares que confraternizaram com os golpistas.

De acordo com a sindicância do órgão, as deficiências no fluxo e na qualidade de informações de inteligência “constituíram fator determinante para o dimensionamento insuficiente das equipes de segurança presentes no Palácio do Planalto”.

O relatório do GSI aponta ainda que o correio SISBIN, um dos canais oficiais de transmissão entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o GSI também não enviou nenhum informe oficial.

O aplicativo Radar, da Abin, que poderia ser outro canal seguro para repassar informações de inteligência, não estava funcionando desde o ano passado.

E o grupo de mensagens chamado CIISP/DF-Manifestação, da Secretaria de Segurança do DF, que informava os órgãos locais e federais, recriado no dia 7 de janeiro, tinha como único representante do GSI o tenente-coronel da PM, Jáder Silva dos Santos, que estava de folga desde o fim do ano.

O tenente-coronel afirmou à sindicância que só se deu conta de que participava do grupo durante os acontecimentos do dia 8 de janeiro.

Apesar dessa explicação, a sindicância sugeriu à Polícia Militar do DF abrir procedimento acusatório contra o tenente-coronel por considerar que o fato de ele estar de folga não o isentava da responsabilidade de alertar as autoridades.

O documento ainda sugere ao Exército a abertura de procedimento acusatório contra o então chefe da Coordenadoria de Avaliação de Risco, coronel Alexandre Santos de Amorim, porque ele deveria ter alertado sobre a gravidade da situação.

A sindicância inocentou de responsabilidades o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias. A investigação administrativa concluiu que as imagens em que ele aparece dentro do palácio como se tivesse conversando com os vândalos foram retiradas de contexto.

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