Rompimento de barragem da Vale em Ouro Preto ameaça atingir BH

A Defesa Civil colocou em alerta, na quinta-feira (23/05), os moradores dos bairros de Jardim Vitória III, Beija-Flor e Maria Tereza, em Belo Horizonte, devido à iminente ruptura da barragem de Forquilha I, em Ouro Preto, pertencente à mineradora privatizada Vale do Rio Doce – hoje com o nome reduzido a “Vale”.

A barragem de Forquilha I teve seu nível elevado para 3 desde o último dia 28 de março. O nível 3 é o alerta máximo, com risco de rompimento em breve.

Além de Forquilha I, a barragem de Forquilha III – também em Ouro Preto – corre o risco de ruptura. Ela também teve seu nível de risco elevado para 3.

A Defesa Civil avalia que, se Forquilha I se romper, a invasão do Córrego da Onça pelos rejeitos – e o consequente transbordamento – destruirá 248 casas em Belo Horizonte.

Sem mencionar os danos em Ouro Preto – a Vila Rica de Tiradentes e demais Inconfidentes do século XVIII.

Devido ao risco imediato, a Defesa Civil resolveu promover um treinamento preventivo para a evacuação, no próximo sábado (25/05), às 16h, em Belo Horizonte.

Os bairros de Jardim Vitória III, Beija-Flor e Maria Tereza estão a 120 km da barragem de Forquilha I.

A Defesa Civil determinou, além do treinamento, a instalação de sirenes para alertar a população em caso de rompimento.

Em nota, a Defesa Civil informou que “a comunidade já está mapeada e foi orientada. O treinamento obedece aos protocolos de segurança. Quem não foi avisado, não precisa se preocupar”.

Além disso, diz a nota, o órgão “já vem desenvolvendo com a comunidade que pode ser afetada várias abordagens nas residências e em reuniões comunitárias e o cadastramento de todos os moradores das áreas que podem ser atingidas”.

BARÃO DE COCAIS

Sobre a situação da barragem sul/superior da mina de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais – elevada para nível 3 (risco máximo) desde 22/03/2019, a Defesa Civil de Minas informou que as áreas próximas já foram evacuadas.

Entretanto, isso tem pouco efeito para os riscos de invasão das áreas urbanas e rurais do município pelos rejeitos.

Na quinta-feira (23/05), o Ministério Público de Minas Gerais divulgou estudo da própria Vale em que é admitido que, em caso de rompimento, poderá haver “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” em três municípios: Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

Sucintamente, diz o documento, poderá acontecer:

Inundação generalizada de áreas rurais e urbanas com graves potenciais de danos estruturais e perda de vidas humanas, especialmente no distrito de Socorro e nos municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo“;

Problemas relacionados ao abastecimento de água nas comunidades ribeirinhas e irrigação nas regiões abastecidas“;

Possíveis interrupções nos acessos locais de terra, rodovias, linha de transmissão e no fornecimento de energia elétrica“;

Possibilidade de danos estruturais em pontes e travessias importantes nos municípios atingidos“;

Impactos em APP – Área de Preservação Permanente, nas faixas marginais ao leito dos cursos de água“;

Assoreamento de cursos de água a jusante, com deposição de rejeitos no leito e planícies de inundação e possível alteração da calha principal“;

Alteração ou remoção da camada vegetal e do habitat, remoção do solo de cobertura, deposição de rejeitos e demais prejuízos à fauna e flora características da região“.

“No caso de rompimento de barragem, a zona urbana da cidade [de barão de Cocais] seria atingida após 1h12min”, diz o Boletim da Defesa Civil de quinta-feira (23/05). Mas “a defesa civil municipal já tem elaborado um plano de evacuação de emergência para a evacuação da população caso a barragem efetivamente se rompa”.

Pode-se imaginar a ansiedade – e, mesmo, o medo – dos que podem ser atingidos, diante dessas perspectivas.

A Defesa Civil também passou para risco máximo (nível 3) a barragem B3/B4, da Mina Mar Azul, em Macacos, distrito da cidade de Nova Lima.

A mina também é explorada pela Vale.

Em Nova Lima, haverá treinamentos para a evacuação dos moradores, segundo informa a Defesa Civil.

C.L.

A barragem sul/superior da mina de Gongo Soco, explorada pela Vale (foto: reprodução)

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