Randolfe denuncia conluio PT e PMDB para atacar a Lava Jato

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) denunciou que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS “transformou-se numa farsa dos investigados para tentar barrar a Operação Lava Jato”. Randolfe disse isso ao apresentar sua renúncia ao cargo que ocupa na CPMI. “A CPI é uma farsa montada para desqualificar os procuradores da República e destruir a Lava Jato e as demais investigações no país. Não encontro alternativa para atuar nessa CPI”, afirmou o senador.

Outros senadores, entre eles Ricardo Ferraço, do PSDB, e Otto Alencar (PSD-BA) já haviam deixado a CPMI e denunciado a farsa, quando a relatoria da comissão foi ocupada pelo “cão de guarda” de Michel Temer na Câmara Federal, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), ex-integrante da tropa de choque do presidiário Eduardo Cunha, que depois trocou Cunha por Temer. Randolfe anunciou sua decisão quando a CPMI decidiu convocar o ex-chefe de gabinete da Procuradoria-Geral da República (na gestão de Rodrigo Janot), Eduardo Pelella, para prestar depoimento. “A intenção dos integrantes da CPI é destruir a Lava Jato”, alertou Randolfe.

“Não encontro alternativa para atuar nessa CPI. É um espetáculo circense com um roteiro pronto. Não tenho mais condições”, explicou o parlamentar. Em setembro, Pelella já havia sido convidado a falar na comissão, mas não atendeu ao pedido. Agora, a presença dele passou a ser obrigatória. O requerimento-provocação para transformar o convite em convocação foi apresentado pelo presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que assumiu o cargo logo após se reunir com Temer.

A convocação de Pelella foi classificada como um “absurdo institucional” pelo presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Robalinho Cavalcanti. Ele argumenta que a CPI não pode convocar autoridades que participam de investigações em andamento, e disse que irá recorrer contra a decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2012, o STF vetou a participação do então procurador-geral, Roberto Gurgel, na CPI do Cachoeira.

A Associação Nacional dos Procuradores da República também divulgou nota repudiando a convocação do ex-chefe de gabinete de Rodrigo Janot. “É um atentado à atuação independente do Ministério Público e um desvirtuamento do nobre instrumento que é uma CPI a convocação de um membro do MPF para prestar depoimento sobre fatos relacionados à sua função, principalmente em uma apuração ainda em andamento perante o Supremo Tribunal Federal, que pode implicar membros de Poderes do Estado e levar a revelação de documentos e provas ainda sob sigilo”, diz a nota.

A farsa montada pelos corruptos é tão grave e irresponsável que, segundo a entidade, afronta o país inteiro e fere os parâmetros constitucionais. “Não é cabível o constrangimento imposto a um membro do MPF, quando se pretende obrigá-lo a prestar declarações sobre fatos protegidos por sigilo. Já foi dito por importante membro da Comissão que CPI buscaria ‘investigar quem nos investiga’. Isto soa a vingança, a retaliação pura, e não é aceitável em um estado de direito e em um país que busca progredir pela atuação e respeito entre suas instituições”, denunciam os procuradores.

Já na audiência da sessão da CPMI do dia 17 de outubro (terça-feira), o senador Randolfe Rodrigues teve sérios embates com Carlos Marun e com o deputado Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, quando denunciou que havia na CPMI uma coalizão entre PT e PMDB para atacar a Lava Jato. O senador da Rede foi provocado e atacado por Marun e teve que responder os ataques.

Na ocasião estava sendo inquirido pelos membros da comissão o procurador Ângelo Goulart Vilella. Randolfe questionou o procurador sobre trechos de um áudio de diálogo dele com advogados da JBS. Villela reclamou que sua defesa não teve acesso à gravação.

Em tom de provocação, o petista Paulo Pimenta ironizou o senador.

A seguir veja a resposta de Randolfe e trechos dos seus confrontos contra Pimenta e Marun, que atacaram o senador.

Paulo Pimenta (PT-RS) – Pede para o Senador, que ele tem.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – Eu não tenho. O Deputado tem por acaso?

Ângelo Goulart Villela – Ninguém ouviu.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – O Deputado tem alguma informação?

Paulo Pimenta (PT-RS) – Pelo que o senhor falou, eu tinha entendido que o senhor tinha o áudio.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Não, não. Não sei de onde V. Exª tirou isso.

Paulo Pimenta (PT-RS) – Eu entendi…

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – Eu não entendi a provocação barata.

Paulo Pimenta (PT-RS) – Eu entendi mal. Entendi que o senhor estava com o áudio.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – Provocação barata.

Paulo Pimenta (PT-RS)  – O Senador está nervoso.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – Não. Não estamos, não. Aliás, há uma coalizão ampla aqui contra... Se há alguém que está tranquilo aqui somos nós.

Paulo Pimenta (PT-RS)  – A coalização aqui é contra a banda podre do Ministério Público.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – Não; é uma coalizão do PT e do PMDB.

Paulo Pimenta (PT-RS)  – É uma coalizão contra a banda podre do Ministério Público.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – É uma coalizão do PT e do PMDB.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – O senhor e o Deputado Marun estão muito próximos.

Carlos Marun (PMDB-MS) – O senhor, por favor, não me cite, porque o senhor já tem dito muita asneira a meu respeito e já está passando do limite. Eu estou aqui…

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Isso é uma ameaça, Deputado?

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Eu não…

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – Isso é uma ameaça?

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Eu só estou…

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Isso é uma ameaça?

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Eu não me dirigi a V. Exª. O senhor me respeite!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – O senhor é um lambe-botas do Presidente da República.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – É um lambe-botas do Presidente da República.

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Lambe-botas é o senhor, seu vira-lata! Senadorzinho de quinta categoria!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Bate-pau do Presidente Temer!

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Vira-lata!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Cúmplice do Presidente Temer.

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Vira-lata é o que você é!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Bate-pau!

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Você nem participa da CPI.

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Bate-pau do Presidente da República!

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Vira-lata da pior espécie!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP)  – Bate-pau de Temer!

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Vira-lata!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – A pior espécie que há aqui é a do senhor.

Carlos Marun (PMDB-MS)  – Porcaria!

Randolfe Rodrigues (REDE-AP) – O senhor não me intimida. O senhor não me intimida!

Wadih Damous, do PT do Rio de Janeiro, também atacou a colaboração premiada e tratou o procurador como vítima, hostilizando o Ministério Público Federal (MPF). “Talvez não fosse o caso, Dr. Ângelo, já que o senhor, antes de ser vítima de uma delação irresponsável, enfim, se debruçou sobre o assunto doutrinariamente”(…), disse Wadih

SÉRGIO CRUZ

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