Porta-voz da China ironiza promessa da Otan de não se expandir a leste “nem um centímetro”

“Com que se parece na realidade a promessa da OTAN de não se expandir ‘nem um centímetro para leste’”, ironizou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, pelas redes sociais, mensagem à qual também adicionou um mapa sobre a expansão entre 1990 (quando foi feita a promessa) e os dias de hoje, em que passou de 16 países integrantes, para 30.

Na semana passada, a chanceler britânica, madame Liz Truss, havia exortado a criação de uma “OTAN global”, que teria a China como alvo óbvio, e ainda instigou o separatismo na Chima citando a “defesa de Taiwan”.

É essa quebra essencial do princípio da segurança coletiva e indivisível, com instalação de sistemas de armas da OTAN às portas das principais cidades russas, que tornou a situação na fronteira ocidental russa inaceitável e conduziu a uma crise que tem sido comparada por muitos à “crise dos mísseis no Caribe” da década de 1960.

Vemos aqui o twitter de Lijan, apontando a expansão da Otan a leste (segundo mapa, expansão em vermelho) contrariando o acordado.

Expansão da Otan: à esquerda situação acordada em 1990 (com a Otan em vermelho) à direita a posição expandida da Otan em torno da Rússia hoje.

A Rússia, depois de ter proposto aos EUA e OTAN a restauração da segurança coletiva na Europa, em dezembro do ano passado, o que inclui a não anexação da Ucrânia, e diante do anúncio de Kiev de que não iria cumprir os Acordos de Minsk para autonomia e direitos para o Donbass inscritos na constituição e, na iminência da terceira tentativa de uma limpeza étnica dos falantes de russo na região, reconheceu as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e iniciou uma operação militar para ‘desnazificar e desmilitarizar’ a Ucrânia.

Há 15 anos, no histórico discurso na Conferência de Segurança de Munique, o presidente russo Vladimir Putin denunciou o mundo unipolar sob Washington e a expansão da OTAN até às fronteiras russas, deixando claro que esse estado de coisas era insustentável.

Foi o governo de W. Bush que estabeleceu em 2008 – no ano seguinte ao discurso de Putin – oficialmente a meta de anexação da Ucrânia pela OTAN, cinicamente chamada de “convite”.

No governo Obama, a anexação da república ex-soviética passou para o terreno prático, via golpe de estado articulado pela CIA em 2014, e notória presença da então vice-secretária de Estado Victoria Nuland. O golpe derrubou o presidente legítimo e iniciou no país a escalada neonazi, cujos integrantes tinham sido a tropa de choque do putsch. Em 2019, as bancadas dos oligarcas e dos nazistas transformaram o desejo de W. Bush em cláusula da constituição em 2019, sem consulta à população.

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