Organizações humanitárias: ‘EUA é cúmplice de massacre no Iêmen’

Segundo as organizações humanitárias, o total de crianças mortas como consequência do bloqueio a portos , aeroportos e estradas, imposto pela Arábia Saudita, deve atingir 50 mil até o final do ano

Diante do morticínio causado principalmente pelo bloqueio militar da Arábia Saudita sobre portos, estradas e aeroportos iemenitas que já se estende por dois anos, 14 organizações humanitárias internacionais entre elas, Oxfam, Comitê Internacional de Socorro e Socorro Internacional, deixaram claro, em declaração conjunta, que a opção dos Estados Unidos é “a solução para o problema ou cumplicidade com o sofrimento, não há terceira opção”.

“Não é hora para declarações balanceadas”, acrescentam os assinantes do manifesto.

A Anistia Internacional declarou que “os Estados Unidos, Inglaterra e França devem cessar o suprimento de armas à Arábia Saudita e integrantes, com ela de uma coalizão que ataca o Iêmen. São armamentos usados para impedir que a assistência humanitária chegue com itens indispensáveis à sobrevivência dos civis”.

Ao invés disso, denunciam, o bloqueio tem sido exacerbado. “A comunidade internacional como um todo deve romper seu vergonhoso silêncio e usar todos os meios possíveis para que o bloqueio sobre o Iêmen seja levantado”, acrescentam.

Os sistemas de esgoto sanitário e de água já haviam sido bombardeados antes do bloqueio e este agora torna impossível o despacho de um amplo leque de produtos necessários de forma grave pelas populações civis do país agredido.

Segundo a Unicef, o que resta de vacinas contra a difteria vai acabar em 15 dias. A entidade subsidiária da ONU para a infância avalia que só a ausência de vacinas coloca em risco a vida “de um milhão de crianças por doenças passíveis de prevenção”.

A falta de energia tem tornado mais difícil ainda o suprimento de água e os hospitais têm fechado alas inteiras, isso em meio ao pior surto de cólera já registrado que pode atingir mais de um milhão de pessoas até o final do ano e “a maior fome que o mundo viu por muitas décadas”, afirma a coordenação do Socorro Emergencial da ONU.

As organizações especificam que “o porto de Hodeidah, pelo qual passavam 80% dos produtos importados e o aeroporto de Sanaa devem ser reabertos para que se deixe entrar os envios de alimentos, combustíveis e medicamentos. Cada dia de bloqueio fará com que milhares de iemenitas sofram de fome e doenças. Milhões podem morrer em uma fome de proporções históricas se bloqueio continua indefinidamente”.

Um outro documento foi assinado pela Organização Mundial da Saúde, Programa Mundial de Alimentos e Unicef, alertando que “o relógio avança e estoques de suprimentos médicos, alimentos e outros de necessidade humanitária já estão acabando totalmente. O custo deste bloqueio é medido no número de vidas perdidas”.

O ritmo de mortes de crianças por causa do bloqueio é de 130 a cada dia e deve chegar a 50 mil até o final do ano.

O senador norte-americano, Chris Murphy, democrata de Connecticut, criticou o governo de seu país por apoiar a agressão saudita.

“Os Estados Unidos integra esta coalizão. Sem os Estados Unidos, o bombardeio que causou o surto de cólera não teria acontecido”.

A situação é de tal gravidade, avaliam as organizações humanitárias que, ainda que o bloqueio seja levantado já, meio milhão de crianças precisarão de tratamento por desnutrição aguda.

A organização Save the Children (Salvem as Crianças) afirma que se a desnutrição fica sem tratamento, o número de mortes de crianças pode chegar a 30% do total de meio milhão de desnutridos graves a cada ano.

“Além das inaceitáveis mortes infantis” adverte Tamer Kirolos da Save the Children no Iêmen, “isso significa centenas de mães a mais enlutadas por seus filhos a cada dia”.

NATHANIEL BRAIA

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