Neoliberais defendem juros na lua para rentistas e reajuste abaixo da inflação para FGTS

Alegam falsamente que repor inflação na correção do FGTS prejudicará os mais pobres. Chantageiam trabalhadores para manter perdas, como se estes devessem ser responsáveis pelo subsídio aos programas habitacionais

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) vem sendo reajustado abaixo da inflação e prejudicando os trabalhadores desde pelo menos 1999, quando a TR passou a ser referência na remuneração dos recursos dos trabalhadores.

O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a injustiça que está corroendo o fundo de poupança dos trabalhadores e tende a mudar a forma de remuneração para corrigir a deformação. O STF considera que pelo menos a inflação deve ser reposta na poupança compulsória de quem trabalha registrado.

Os setores neoliberais, firmes defensores da gorda remuneração dos rentistas – que recebem por seus títulos a maior taxa de juros reais do mundo -, pressionam para que os trabalhadores continuem sendo prejudicados em sua poupança. Eles usam o argumento falacioso de que a remuneração justa pela aplicação compulsória de parte do seus salários causaria uma grande crise nos programas habitacionais do país.

Chegam ao cúmulo de dizer que reivindicar ao menos a recuperação da inflação na correção do FGTS é ser responsável pelo prejuízo dos mais pobres. Hoje, o FGTS rende TR, a taxa referencial, mais 3% ao ano. Esta taxa tem ficado sistematicamente abaixo da inflação.

O que os trabalhadores querem é que pelo menos o seu dinheiro seja protegido contra as perdas inflacionárias. A chantagem é dizer que a proteção contra as perdas inflacionárias vai encarecer os recursos para habitação.

Um conhecido banqueiro e prócer neoliberal, o ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, afirmou recentemente que a mudança na correção do FGTS tornaria o crédito imobiliário mais caro e poderia “inviabilizar” a aquisição de moradia à população mais pobre. Pura chantagem contra os trabalhadores.

São os mais ricos e o Tesouro que devem ajudar a subsidiar moradias para os mais pobres e não jogar isso nas costas dos trabalhadores. Segundo estudos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, 86% dos cotistas do FGTS ganham menos do que quatro salários mínimos. É sobre essa faixa da população que estão jogando a responsabilidade de arcar com o subsídio para os programas habitacionais.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou nesta terça-feira (28), em encontro com o ministro das Cidades, Jader Filho, e o advogado especializado em Direito Imobiliário, Rodrigo Cury Bicalho, que só mantendo a perda da remuneração do fundo o trabalhador poderá adquirir sua casa própria. “É importante chegar na melhor política habitacional, principalmente no uso do FGTS nos financiamentos imobiliários”, disse.

O ministro das Cidades, Jader Filho, por sua vez, enfatizou a importância do fundo como fonte de financiamento para programas habitacionais e disse estar confiante em uma solução negociada. É o mínimo que se espera do STF e do governo contra as perdas dos trabalhadores.

S.C.

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