MPF denunciou Arthur Lira, aliado de Bolsonaro, por esquema de rachadinha

Esquema do candidato de Bolsonaro à Presidência da Câmara desviou R$ 254 milhões entre 2001 e 2007, segundo o MPF. Somente na sua conta foram movimentados R$ 9,5 milhões

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro para a Presidência da Câmara, desviou, entre 2001 e 2007, R$ 254 milhões com uma rachadinha quando era deputado estadual, afirma o Ministério Público Federal (MPF).

Arthur Lira mantinha assessores fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas para se apropriar dos salários. Somente em sua conta foram movimentados R$ 9,5 milhões.

Ele foi denunciado pelo MPF pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, que pediu  prisão, perda de mandato e pagamento do “dano mínimo” causado pelo esquema criminoso.

As informações foram obtidas pelo jornal Estado de S. Paulo, que teve acesso a documentos da ação penal que ainda tramita na Justiça de Alagoas, e é mantida em sigilo.

Na quarta-feira (2), o deputado foi confirmado como candidato do PP à Presidência da Câmara, com o apoio do governo Bolsonaro. Ele se aproximou do governo depois que Bolsonaro começou a trocar cargos por apoio no Congresso Nacional.

Lira, que era primeiro-secretário da Assembleia, envolveu outros 12 deputados em seu esquema criminoso. O grupo usava empresas de terceiros para simular negociações e empréstimos pessoais para disfarçar a movimentação ilegal de dinheiro.

A Polícia Federal realizou, em 2007, uma operação para investigar o esquema de Lira. A partir da Operação Taturana, a PF desvendou que o grupo de parlamentares usou o dinheiro desviado para comprar carros, apartamentos e terrenos. O MPF denunciou Lira em 2018, mas o teor da denúncia ainda não tinha sido divulgado.

Documentos da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que foi desmanchado pelo governo Bolsonaro, mostram que os salários pagos pela Assembleia para os assessores iam para contas de diferentes pessoas e depois eram transferidos para contas ligadas aos parlamentares.

Segundo um trecho da denúncia, “no cumprimento dos mandados de busca e apreensão na residência de Arthur Lira foi apreendida uma planilha denominada ‘Cheques em aberto a vencer’, contendo relação numérica de 566 cheques, cada um no valor de R$ 2.360,66, com valor total de R$ 1.336.133,56”.

Arthur Lira já foi condenado em primeira e segunda instância em uma ação cível por improbidade administrativa, também referente à rachadinha.

Ele estaria impedido de disputar as eleições, por conta da Lei da Ficha Limpa, mas uma liminar do então vice-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Celyrio Adamastor, suspendeu os efeitos da sentença e o permitiu concorrer em 2018.

O caso ainda não foi para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ouvido pelo Estadão, o líder do Novo, Paulo Ganime (RJ), disse esperar que o próximo presidente da Câmara seja alguém comprometido com o combate à corrupção. “Pessoas que tenham evidências concretas de terem cometidos crimes, não deveriam presidir a Câmara dos Deputados”, afirmou ele.

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