Juro alto derruba confiança dos empresários

Em setembro, índice de confiança caiu em 21 de 29 setores da indústria, segundo CNI 

Em setembro, houve queda da confiança na economia em todos os portes de indústria (pequenas, médias e grandes), em todas as regiões do Brasil e em 21 de 29 setores. É o que aponta o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado na segunda-feira (25).

“Com o resultado, migraram da confiança para a falta de confiança cinco setores da indústria [Veículos automotores, Serviços especializados para a construção, Produtos de material plástico, Móveis e Produtos de metal]”, destacou a CNI em seu relatório.

“A queda da confiança foi disseminada e intensa não só pela piora da percepção em relação ao momento da economia como pela expectativa pelos próximos seis meses”, disse o economista da CNI, Marcelo Azevedo, ressaltando que, apesar de o Banco Central ter iniciado cortes na taxa básica juros (Selic), os juros seguem altos com efeitos negativos sobre a atividade econômica e o crédito.

Em setembro, o indicador da CNI registrou que a confiança recuou em todos os setores da indústria, sendo o maior recuo nas pequenas empresas (-2,3 pontos), seguido das médias (-1,8 ponto) e grandes (-1,5 ponto).

Assim, o índice de confiança das pequenas empresas caiu de 52,2 pontos para 49,9 pontos, ficando abaixo da linha divisória de 50 pontos. O índice varia de 0 a 100, quanto mais distante da linha de corte, em direção ao zero, maior é a desconfiança do setor com os rumos da economia.

Já no caso das médias (50,6 pontos) e grandes empresas (53,6), a confiança segue acima da linha divisória de 50 pontos, apesar da queda da confiança de setembro.

O ICEI apontou também que a confiança da indústria recuou em todas as regiões do Brasil no mês de setembro. “O recuo foi mais acentuado nas regiões Centro-Oeste (-2,9 pontos), Norte (-2,5 pontos) e Nordeste (-2,2 pontos). Nas regiões Sudeste e Sul houve recuos mais moderados (-1,3 ponto e -1,2 ponto, respectivamente)”, citou a CNI.

A indústria é o setor que mais está sendo prejudicado pelo arrocho monetário do Banco Central, estabelecido pela manutenção da taxa Selic em patamares elevados (hoje em 12,15% ao ano), com o fim de inibir o consumo de bens e serviços no país com o pretexto de combater a inflação.

Na passagem de junho para julho, o consumo de bens industriais recuou em -2,5%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Quando comparado com julho de 2022, o indicador mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais – parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno acrescida das importações – apontou uma queda de -5,2%.

“Este resultado ocorreu em razão do recuo de 3,5% da produção interna destinada ao mercado nacional (bens nacionais) e da alta de 0,2% das importações de bens industriais”, destacou o Instituto. Por classes de produção, o consumo da indústria extrativa foi o que mais caiu no período (-16,6%). Já a indústria de transformação teve um recuo de 1,8%, com destaque para o consumo de bens de capital (máquinas e equipamentos etc.)

No acumulado em doze meses, a demanda por bens industriais está em -1,1% em baixa. Os números apontados pelo Ipea corroboram com o cenário de baixo desempenho da produção industrial, registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua Pesquisa Mensal (PIM).

Em julho de 2023, a produção industrial nacional recuou 0,6% frente a junho, de acordo com o IBGE. Em relação a julho de 2022, a queda foi de 1,1%, e, no acumulado do ano até julho, recuo de 0,4%. No período de 12 meses até julho, não houve crescimento da produção (0,0%), em relação ao mesmo intervalo de tempo de 2022.

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