Lula passa longe do 2º julgamento do triplex porque provas são letais

Só desistiu do apê depois que escândalo estourou

Somente em 26 de novembro de 2015, Lula desistiu do triplex de Guarujá.

Nessa altura, o escândalo estava nas páginas dos jornais e nas telas de TV. Havia um ano, desde 14 de novembro de 2014, que o presidente da OAS estava preso em Curitiba, investigado pela passagem de propinas para o PT – inclusive o triplex, caso que começara na Justiça paulista, depois enviado ao juiz federal Sérgio Moro pela juíza Maria Priscilla Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo.

A versão de Lula, evidentemente, é outra. A de que, em novembro de 2015, sua esposa teria desistido de “cotas” da Bancoop (a cooperativa habitacional de Vaccari, hoje preso em Curitiba), sem determinação do apartamento que iria adquirir – e não do triplex.

No entanto, a Bancoop não vendia cotas sem ligação com uma determinada unidade habitacional – o que, aliás, parece lógico.

Porém, o apartamento simples (“apartamento-tipo”) que dona Marisa passara a pagar em 2005, o 141-A, já fora vendido a outra pessoa.

Por isso, Lula não podia dizer que desistira desse apartamento simples. Mas, se não fora este o apartamento de que desistira, sobrava o triplex, que não fora colocado à venda nem pela Bancoop nem pela OAS – que assumira os empreendimentos da falida Bancoop em 2009 – porque estava reservado para Lula (v. página 8).

Daí a história da desistência de cotas que não correspondiam a apartamento algum…

As versões de Lula foram desmontadas (talvez o mais preciso seria dizer que desabaram), não exatamente uma a uma, mas no conjunto.

Essa é a razão pela qual os atos a favor dele – em Porto Alegre, no Rio e em São Paulo – foram um fracasso. Mas restava o dia do julgamento – hoje, quarta-feira, na capital gaúcha. No entanto, foi anunciado que ele ficaria em São Paulo, inclusive pelo líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS). O deputado, aliás, não parecia triste, ao anunciar que Lula não iria ao Rio Grande do Sul.

Quase no último momento, diante de um vexame, Lula decidiu ir a Porto Alegre na véspera do julgamento. E isso foi tudo.

Nesta edição, nós percorreremos o universo de provas – a floresta de provas contra ele.

A ridícula linha de Lula, segundo a qual basta negar que as provas existem para que elas deixem de existir – ou seja, para que as pessoas acreditem em uma mentira – é apenas sinal de que as provas são tão fortes que não lhe restou recurso, exceto se refugiar no cinismo.

Certamente, existe outra opção: reconhecer os crimes e malfeitorias, fazer autocrítica, e saldar suas contas com a Justiça e com o povo brasileiro.

Mas isso é tudo o que Lula não quer, viciado por longos anos de roubo, preguiça e comércio da luta.

Aqui, faremos apenas algumas breves observações, além daquelas que o leitor pode encontrar em nossa página 8 – e em nosso site [v. Uma pequena compilação das provas contra Lula (só no caso do triplex)].

O triplex de Guarujá fazia parte de uma propina de R$ 87 milhões, 624 mil, 971 reais e 26 centavos, passada pela OAS para que a empresa conseguisse entrar nos contratos da Petrobrás – ou seja, no cartel que dominava as grandes obras da estatal, nos governos Lula e Dilma, estabelecendo um esquema de superfaturamento e sobrepreço.

O valor de R$ 87.624.971,26 corresponde a 3% de apenas dois contratos – para obras, respectivamente, na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná.

Desse total, ao PT correspondeu R$ 29.208.323,75. Cerca de 10% (na verdade, um pouco mais) foi gasto no triplex do Guarujá: “o preço do imóvel e o custo das reformas foram abatidos de conta corrente geral de propinas mantida entre o Grupo OAS e agentes do Partido dos Trabalhadores” (cf. alegações finais da defesa do presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, na 13ª Vara Federal de Curitiba).

Há poucos meses, em debate durante o Congresso da UNE, um dirigente petista reconheceu que houve roubo nas administrações de Lula e Dilma, porém, quanto ao primeiro, afirmou que sua apropriação fora modesta – ou seja, em bom português, que Lula tinha roubado pouco. O exemplo dado por ele foi, exatamente, o triplex de Guarujá, que considerava algo pequeno demais.

Certamente, se fosse verdade – e não é – a afirmação (ou crença) desse dirigente petista, de que Lula roubou pouco para si mesmo, ele teria que explicitar a diferença moral e ideológica entre um Presidente da República que rouba muito e um Presidente da República que rouba pouco.

Mas não é necessário esse exercício de filosofia bizantina sobre a grande venalidade e a – suposta – pequena venalidade.

Nem lembrar Ulysses Guimarães: roubar ou deixar roubar, que diferença há entre um e outro?

No caso de Lula, são desnecessárias essas firulas.

Olhemos, rapidamente, a seguinte conta:

O cartel que assaltou a Petrobrás, só em palestras (todas muito interessantes, inovadoras e altamente instrutivas), pagou US$ 6.000.000 (seis milhões de dólares) a Lula. Do seguinte modo, considerando o preço informado oficialmente, de US$ 200 mil por palestra, confirmado pelo presidente da OAS, em seu depoimento ao juiz Moro (“fizemos, se não me falha a memória, 5 palestras, só a OAS pagou de palestra mais de 1 milhão de dólares”):

– Odebrecht e Cervejaria Petrópolis: US$ 2.200.000;

– Andrade Gutierrez: US$ 1.000.000;

– Camargo Correa: US$ 1.000.000;

– OAS: US$ 1.000.000;

– Queiroz Galvão: US$ 600.000;

– UTC: US$ 200.000;

TOTAL: US$ 6.000.000.

(A Cervejaria Petrópolis foi usada sistematicamente pela Odebrecht para realizar determinados pagamentos ao caixa de partidos. Por isso, o dispêndio das duas vem, acima, somados.)

Vejamos a seguinte questão: alguém acredita que Lula recebeu isso por sua capacidade como palestrante, por seu conhecimento de alguma coisa – ou por algo mais que não seja incluído naquela célebre categoria denominada “malandragem”?

Reparemos que isso corresponde apenas a 30 palestras. Segundo anunciou o Instituto Lula, no entanto, ele teria realizado 72 palestras

Aí, o resultado de Lula iria para US$ 14.400.000 (quatorze milhões e 400 mil dólares).

CARLOS LOPES

 

 

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