Lula enaltece o BRICS e a parceria com a China em inauguração de GWM em SP

“O BRICS representa praticamente metade da humanidade e mais de um terço do PIB global. Isso faz com que alguns fiquem preocupados com o crescimento daqueles que eram tratados como invisíveis”, afirmou o presidente

O presidente Lula destacou, nesta sexta-feira (15), durante a inauguração da fábrica de automóveis chinesa GWM, em Iracemápolis, no interior de São Paulo, a aliança com a China e, mais amplamente, com o BRICS, que ele disse representar hoje a voz do Sul Global. “Nós criamos o BRIS porque estávamos cansados de ser tratados como países do terceiro mundo”, disse Lula.

O presidente falou das turbulências vividas no mundo, fruto do desrespeito ao multilateralismo, e reafirmou que o Brasil não vai se dobrar a ameaças, referindo-se ao tarifaço de Trump contra os produtos brasileiros. “Por isso criamos o grupo [BRICS] que representa praticamente metade da humanidade e mais de um terço do PIB global. Isso faz com que alguns fiquem preocupados com o crescimento daqueles que eram tratados como invisíveis”, afirmou Lula, após saudar os dirigentes e trabalhadores da nova fábrica.

Lula fez questão de destacar, em especial, a relação “muito forte” com a China. Ele lembrou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e que os objetivos dos laços são, mais amplamente, construir uma comunidade de futuro compartilhado”. “Construímos com a China uma comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e sustentável. O comércio com a China é de 160 bi dólares contra 80 bi dos EUA”, prosseguiu o presidente.

Assista a solenidade de inauguração da GWM

Lula destacou que o objetivo do BRICS é unir países com “similaridades para fazer trocas e crescer juntos”. Ele aproveitou para criticar a desigualdade entre o Norte Global e o Sul Global. “O norte era sempre os ricos e nós éramos sempre tratados como os pobres. Nós queremos crescer e nos desenvolver”, destacou. “Queríamos criar um grupo de países com similaridades para fazer trocas e crescer juntos. Aumentamos a relação com o Sul Global”, afirmou.

Lula lembrou que o BRICS foi criado durante a crise mundial de 2008. Ele destacou que a crise não foi criada por nenhum país do Sul Global. “A crise mundial nasceu no coração do capitalismo, nos Estados Unidos”, apontou. O presidente voltou a desmentir a fala de Trump sobre o comércio dos EUA com o Brasil. “Dizer que o Brasil tem uma relação comercial horrível com os EUA é mentira. Nos últimos 15 anos o déficit comercial com os EUA foi de US$ 410 bilhões”, afirmou Lula.

Sede da GWM em Iracemápolis, interior de SP (reprodução)

A cerimônia contou com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB) e dos ministros Luiz Marinho e Márcio França. Anunciada há mais de dois anos, a planta da GWM tem previsão de produzir entre 30 mil e 45 mil veículos por ano, com foco em modelos elétricos e híbridos. A empresa foi a primeira a se habilitar no programa federal de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado em dezembro de 2023.

De acordo com a montadora, serão gerados 700 empregos diretos e o investimento total no Brasil deve chegar a R$ 10 bilhões até 2032, sendo R$ 4 bilhões até 2026. A expectativa é de que, em três anos, 60% dos componentes utilizados — como pneus, vidros, rodas, bancos e chicotes elétricos — sejam de origem nacional. A parceria com a China no setor automotivo também se fortalece com a construção da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, que prevê investimentos de R$ 5,5 bilhões.

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