Luiza Trajano diz que juros do BC estão provocando quebradeira nas empresas

Em debate com Campos Neto, empresária rebate declaração do presidente do BC sobre redução nos juros “lá na frente”: “Vai ter muita gente quebrada até lá!”

A empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, voltou a cobrar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a derrubada da taxa de juros. Na segunda-feira (12),  em evento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, com a presença de Campos Neto, Trajano fez duras críticas ao atual nível da taxa básica de juros (Selic), em 13,75% ao ano.

“A nossa realidade é diferente, o varejo puxa tudo, a indústria, a produção. Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação. Já tivemos muito remédio amargo, se estou defendendo é pela pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de [que vai] baixar esses juros”, afirmou Trajano.

Campos Neto tentou tirar o corpo fora do arrocho que vem impondo ao país e disse que é apenas um total de nove votos no Comitê de Política Monetária (Copom). Mas deixou claro qual sua expectativa para os juros no país: “o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para uma atuação em política monetária lá na frente“, respondeu, aos empresários que cobravam a redução dos juros.

A próxima reunião do Copom está marcada para os próximos dias 20 e 21 de junho, e não há qualquer sinal de que Campos Neto vá reduzir a taxa Selic, em 13,75% desde agosto do ano passado. Com a inflação caindo e economistas já falando em deflação neste mês de junho, o que continua aumentando são os juros reais, os maiores do mundo.

A empresária Helena Trajano rebateu Campos Neto afirmando que a paciência dos brasileiros está acabando. “Uma coisa é, dentro de uma sala, a gente pensar tecnicamente, acho muito bom, mas outra coisa é a realidade. Sem um sinal, não vamos aguentar, quantas lojas aqui já foram fechadas? Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal —e não é de 0,25 ponto, precisamos de mais.”

Diante da cobrança da empresária, que insistiu que o presidente do BC desse um “sinal” sobre a próxima reunião do Copom, os assessores trataram logo de tirar Campos Neto do evento, que disse que deve voltar ao evento em um ano e que tem certeza de que a variação, olhando em retrospectiva, será positiva. Trajano retrucou: “Vai ter muita gente quebrada até lá!”.

A cobrança pela redução dos juros foi geral entre os empresários que participaram do evento.

Com os brasileiros pagando a maior taxa de juros reais do mundo, reprimindo a demanda de bens e serviços no país, o comércio nacional apenas avançou 0,3% nos primeiros três meses de 2023 em relação ao trimestre anterior, segundo o resultado do PIB do 1º tri 2023, apurado pelo IBGE. Na mesma base de comparação, a indústria recuou -0,1%, com destaque para a queda de -0,6% na Indústria de Transformação e de 0,8% na de Construção. Já os serviços, cujos números do comércio estão inclusos no cálculo, cresceram apenas 0,6%.

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