Justiça de SP decreta prisão preventiva de PM que matou marceneiro com tiro na cabeça ‘por engano’

Fábio Anderson Pereira de Almeida foi denunciado pelo MP pelo homicídio de Guilherme Dias Santos Ferreira, morto com um tiro na cabeça em Parelheiros

A Justiça de São Paulo decretou nesta sexta-feira (15) a prisão preventiva do policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, acusado de assassinar o marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira, com um tiro na cabeça no mês passado. A decisão, assinada pela juíza Paula Marie Konno, também aceitou a denúncia do Ministério Público (MP), tornando o PM réu pelo crime.

Em sua decisão, obtida pelo UOL, a magistrada afirmou que as provas do inquérito indicam a autoria do crime e justificou a prisão preventiva como necessária para “garantia da ordem pública”. O MP também conseguiu autorização para realizar o exame de corpo de delito de outra vítima atingida pelo policial na mesma ocorrência. No entanto, o judiciário negou o pedido de quebra de sigilo das mensagens trocadas por Guilherme no dia do crime, alegando que a solicitação deveria ser feita em um pedido específico.

O promotor Everton Luiz Zanella, responsável pelo caso, argumentou no pedido de prisão que o agente agiu com “descompasso com a função pública” ao atirar pelas costas em Guilherme, que corria para pegar um ônibus após sair do trabalho. Segundo a denúncia, o policial teria presumido, sem justificativa, que o marceneiro “poderia ser um roubador”.

JOVEM PRETO CORRENDO PARA PEGAR O ÔNIBUS

A investigação aponta que Guilherme foi morto por engano em Parelheiros, na zona sul de São Paulo. Ele trabalhava em uma fábrica de camas e havia acabado de bater o ponto quando foi atingido pelos disparos. Pouco antes do crime, avisou a esposa que estava a caminho de casa. Nas redes sociais, postou uma foto marcando o fim do expediente.

Ao lado do corpo, foram encontrados uma marmita, talheres, um livro e a roupa de trabalho – detalhes que reforçam a rotina pacífica da vítima.

“Só porque é um jovem negro, preto, e estava correndo para pegar o ônibus, [o policial] atirou. O que é isso? Que mundo é esse? Ele era o único jovem preto no meio [do ponto] e foi atingido. A gente quer esse policial na cadeia, ele tem que pagar. Está solto, pagou fiança, mas para ele não é nada”, desabafou a esposa de Guilherme.

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