Integrantes da UE resistem a renegociar acordo do Brexit

Ministro de Relações Exteriores da Alemanha Heiko Maas  diz que acordo de May com a UE, rejeitado pelo Parlamento britânico em 15 de janeiro, “é a melhor e única solução para a saída ordenada” do Reino Unido

Integrantes da União Europeia reiteraram que não têm a intenção de reabrir negociações em torno do acordo sobre a saída do Reino Unido do bloco, que foi rejeitado pelo parlamento britânico.

Na terça-feira (29), o Parlamento autorizou a primeira-ministra Theresa May a reabrir as negociações com o bloco para discutir o “Backstop”, a principal controvérsia do texto acertado pela premiê com a União Europeia.

Nesta quarta-feira (30), foi a vez da Alemanha endossar o posicionamento do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que já afirmou que “o backstop faz parte do acordo de retirada e não está aberto para renegociação”.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, afirmou que “o acordo de saída é a melhor e única solução para uma saída ordenada”, referindo-se à proposta derrotada no Parlamento inglês em 15 de janeiro por 432 a 202.

Maas pediu ao governo britânico que “diga rapidamente o que deseja porque resta pouco tempo”, fazendo referência a 29 de março, que é a data prevista para o Reino Unido deixar o bloco europeu.

O ministro alemão ainda explicou que os europeus apoiam a Irlanda. “Não permitiremos que a Irlanda fique isolada neste assunto”, ressaltou.

A França, a segunda economia mais forte da UE, já disse que não pode haver renegociação e exigiu uma proposta britânica “crível”.

Os deputados britânicos aprovaram uma emenda na terça-feira à noite e afirmaram que só apoiariam o texto de divórcio se for retirado o “backstop”.

A premiê May asseverou que buscará “mudanças legalmente vinculantes” no pacto de separação que acertou em dezembro com a UE depois de dois anos de negociações.

A premiê tentará fechar um acordo de última hora usando uma ameaça implícita de um Brexit sem acordo com os outros 27 integrantes do bloco. A economia dos membros da União Europeia equivale a cerca de seis vezes a do Reino Unido.

‘BACKSTOP’

O ‘backstop’ foi um mecanismo encontrado pelos negociadores britânicos e europeus para manter aberta a fronteira entre a República da Irlanda (independente e parte da UE) e a Irlanda do Norte (integrante do Reino Unido) para a circulação de bens e pessoas.

Atualmente, não existem postos de fronteira, barreiras ou controle de pessoas que atravessam essa fronteira – que é a única fronteira física entre o Reino Unido e a União Europeia. O mecanismo evitaria reinstalação de uma “fronteira dura” no local.

O ‘backstop’ prevê que o Reino Unido permaneça em uma união aduaneira com a UE com o objetivo de manter a fronteira irlandesa aberta. A Irlanda do Norte também continuaria seguindo algumas regras europeias.

Mas esse mecanismo só entraria em vigor caso britânicos e europeus não consigam chegar a um acordo sobre sua futura relação comercial durante o período de transição – previsto para começar em 29 de março (quando o Reino Unido deixa a UE) e 31 de dezembro de 2020.

Há um consenso entre os britânicos e europeus de que um acordo comercial definitivo não deve estabelecer uma fronteira dura entre as Irlandas e deve proteger o acordo de Belfast, que selou a paz entre os países vizinhos nos anos 90.

Britânicos críticos do acordo de May dizem que o estabelecimento de um status diferente para a Irlanda do Norte poderia ameaçar a independência do Reino Unido e temem que o controle europeu se torne permanente.

 

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