Inpe registra que desmatamento continua caindo na Amazônia: menos 22% em maio

Em 2022 foram 899 km² com alertas de desmatamento. Este ano, entre o dia 1º a 26 de maio foram 694k² a menos. Primeiros meses do governo Lula mostram que alertas de áreas desmatadas estão em queda

O desmatamento caiu na Amazônia em maio em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A queda foi de 22% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em 2022 foram 899 km² com alertas de desmatamento no mês de maio. Este ano, entre o dia 1º a 26 de maio foram 694k² a menos.  

Os dados do INPE mostram que o desmatamento na Amazônia Legal vem caindo desde o início do ano.

Em janeiro, primeiro mês do governo Lula, o INPE registrou uma queda de 61% no desmatamento na região.

Segundo os dados do instituto, o acumulado de alertas de desmatamento em janeiro de 2023 na Amazônia Legal foi de 167 km², a quarta menor marca para o mês na série histórica do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que começou em 2015.

No ano passado, o índice chegou a 430 km² no mesmo mês. Assim, a queda em relação ao mesmo período de 2022 foi de 61%. A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área total de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.

Em abril em comparação com o mesmo mês de 2022, também houve uma queda substancial no desmatamento. O sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostrou que o desmatamento na Amazônia caiu 67,9% e atingiu a menor marca dos últimos três anos.

ACUMULADO JANEIRO/ABRIL

O Inpe também já havia apontado que no acumulado de janeiro a abril de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado o desmatamento também caiu.

No caso da Amazônia, a área perdida foi de 1.132,45 quilômetros quadrados (km²) este ano, número cerca de 41% menor do que o medido entre janeiro e abril do ano passado (1.967,69 km²), mas equivalente ao desmatamento ocorrido em 2021 (1,153,27 km²) e 2020 (1.204,15 km²).

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) também confirmou a queda entre janeiro e abril pela sua metodologia.  

De acordo com o instituto, nos primeiros quatro meses de 2023, o desmatamento na Amazônia teve queda de 36% entre janeiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. A destruição da floresta chegou a 1.203 km², ficando atrás apenas de 2021 e 2022.

CERRADO

Contudo, no Cerrado, importante bioma brasileiro, o desmatamento cresceu em maio.  

O desmatamento no Cerrado entre janeiro e abril de 2023 foi o maior dos últimos 5 anos, alcançando 2.133 km², segundo o Deter. O tamanho é cerca de 14,5% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado (1.886 km²).

Considerando apenas o mês de abril, os alertas de desmatamento são 31% maiores este ano, na comparação com 2022.

ALERTA

Em nota, o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) lembrou que o Deter faz levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura vegetal na Amazônia e no Cerrado.

Esse levantamento é considerado o principal instrumento de fiscalização e controle do desmatamento e da degradação florestal, realizados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e demais órgãos ambientais.

Apesar disso, a plataforma não tem a finalidade de medir com precisão as áreas desmatadas, o que é feito pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), elaborado pelo Inpe anualmente.

IMPORTANTE FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO

“Não é possível, dada a escala da análise e a cobertura de nuvens que interferem nessas medições, assegurar que esses números sejam definitivos. Entretanto, constituem importante ferramenta de planejamento e aprimoramento das ações para combater o desmatamento ilegal nesses biomas”, escreveu a pasta.

“Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima determinou rigorosa apuração dos alertas identificados pelo Deter, a fim de verificar se foram desmatamentos autorizados pelos Estados, visto que compete a eles emitir autorizações de supressão de vegetação nativa. O MMA determinou, ainda, a verificação das bases legais das autorizações emitidas, bem como a ação imediata do Ibama no sentido de autuar e embargar as áreas desmatadas sem autorização”, acrescentou.

REPERCUSSÃO

Organizações ambientalistas repercutiram os dados do Deter. Para o WWF-Brasil, o resultado em relação à Amazônia pode indicar reversão na tendência da destruição do bioma, mas ainda é cedo para saber se tal mudança vai se consolidar.

MATOPIBA

Em relação ao Cerrado, a situação é considerada muito alarmante. Cerca de 80% dos alertas de desmatamento ocorreram em áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o chamado Matopiba, região que é, atualmente, principal fronteira de expansão agrícola no Brasil e uma das grandes frentes de destruição de biomas do mundo.

Nas últimas décadas, o Cerrado perdeu mais de 50% da cobertura vegetal original. O bioma é o principal responsável pela segurança hídrica do País, por abrigar importantes bacias hidrográficas e os maiores reservatórios de abastecimento de água das grandes cidades. Além disso, depende do regime de chuvas estável para garantir produtividade na própria atividade agrícola.

O MMA informou que aumentou o número embargos de uso de área desmatada ilegalmente em 216% desde janeiro. A apreensão de produtos oriundos de infrações ambientais aumentou 210%, segundo a pasta.

AUMENTO DOS AUTOS DE INFRAÇÃO

“No Cerrado e demais biomas [exceto Amazônia] houve aumento de 169% dos autos de infração de janeiro a abril em relação à média na gestão anterior” destacou a pasta.

“O número de embargos de uso de área desmatada ilegalmente no Cerrado e demais biomas aumentou 198% e as apreensões de produtos oriundos de infrações ambientais aumentaram 154% no mesmo período.”

Ainda segundo o governo federal, em que foi concluída a nova fase do PPCDAm (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia), restituído por meio de decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em julho, o MMA deve iniciar a atualização do PPCerrado (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado), que “permitirá a ampliação e intensificação dos esforços do governo federal, em parceria com os governos estaduais e a sociedade, para combater o desmatamento no bioma”.

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