“Há denúncias de fósforo branco” usado por Israel, relata embaixador brasileiro

“Ninguém aguenta um dia mais em Gaza”. Israel mantém brasileiros fora da lista de repatriação. Surgiu uma “irritação nos olhos” por conta “do ar contaminado com o bombardeio, inclusive com denúncias de que há fósforo branco”. “O ar está irrespirável em Gaza e as crianças sofreram isso”, descreve o embaixador na Palestina, Alessandro Candeas

O embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas, afirmou que “ninguém aguenta um dia mais em Gaza”, que está sendo alvo do ilegal fósforo branco lançado por Israel, e que o governo federal espera conseguir libertar as famílias brasileiras até sexta-feira (3).

Na quarta (1), Israel permitiu a saída de um primeiro grupo da Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, que liga o território ao Egito. No entanto, nenhuma família brasileira foi selecionada.

Nesta quinta-feira (2), os cidadãos brasileiros continuaram fora da lista de países que podem retirar cidadãos da Faixa de Gaza para o Egito conforme acordo entre os governos israelense e egípcio.

Os americanos são a maioria no grupo, com 400 dos 576 nomes autorizados a saírem.

A relação foi passada ao embaixador Alessandro Candeas. Foi autorizada a saída de pessoas do Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Chade.

O papel do Brasil na presidência do Conselho de Segurança da ONU de buscar a paz e pedir um cessar-fogo imediato, pelo visto, não agradou o governo sanguinário de Israel, encabeçado por Benjamin Netanyahu.  

Candeas disse que a Embaixada está em contato com as famílias brasileiras e que toda a operação para tirá-los da região bombardeada por Israel só depende da liberação para que atravessem em direção ao Egito.

“Ninguém aguenta um dia mais em Gaza”, disse Candeas ao UOL.

A família de Hassan Habbee, um dos brasileiros que está em Gaza, não consegue dormir e está ficando doente.

Nos últimos dias, surgiu uma “irritação nos olhos” por conta “do ar contaminado com o bombardeio, inclusive com denúncias de que há fósforo branco”. “O ar está irrespirável em Gaza e as crianças sofreram isso”, relatou o embaixador após conversa com Hasan.

O fósforo branco é um produto proibido pela Direito Humanitário Internacional e usá-lo contra uma região densamente populada por civis, como é Gaza, configura crime de guerra.

A Anistia Internacional confirmou que Israel lançou, entre 10 e 16 de outubro, fósforo branco na fronteira sul do Líbano. Existem denúncias de que a substância também foi lançada em outros locais.

O embaixador Alessandro Candeas disse que “a crise humanitária” em Gaza, “que já é grave, vai se intensificar. Vai faltar água, energia, remédios”.

Com os bombardeios de Israel, a entrada de ajuda humanitária durante a guerra é inferior àquela que acontecia antes.

Na primeira lista de pessoas que puderam atravessar a passagem de Rafah estão 81 pessoas que estão gravemente. Elas serão tratadas no Egito, já que “muitos hospitais de Gaza foram bombardeados, Gaza está sem energia para o trabalho dos médicos e enfermeiros”.

Segundo o embaixador, há grande chance dos brasileiros serem autorizados a sair da Faixa de Gaza até esta sexta-feira (3).

“Recebi uma mensagem do Paulino [Neto, embaixador do Brasil no Cairo (EGI)] dizendo que há uma boa chance de os brasileiros serem autorizados a sair amanhã ou depois de amanhã. Estamos com essa expectativa, e os brasileiros de Gaza mais ainda. O desespero é idêntico em todos os níveis e queremos que eles saiam o mais rápido possível. A crise humanitária, que já é grave, vai se intensificar”, disse Candeas em entrevista ao UOL News.

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