Entidades e juristas denunciam golpistas e lançam manifesto em defesa da democracia

“O Brasil escolheu a democracia”. Parlamentares, juristas e lideranças de diversos movimentos populares, organizações sociais e partidos políticos lançaram o manifesto na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (22)

“O Brasil escolheu a democracia”. Assim começa o manifesto, lido no fim da manhã desta quinta-feira (22), no Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Elaborado a várias mãos, o texto expressa “publicamente seu apoio incondicional à democracia como sistema político essencial para a proteção e promoção dos direitos humanos, das liberdades e garantias previstas na Constituição do Brasil”.

O texto e todo o movimento construído em torno do documento, lido pelo advogado Cesar Brito, ex-presidente nacional da OAB, expressa a reação contra aqueles “que comandaram, organizaram e financiaram os atentados e a barbárie em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.”

Trata-se de “alerta à sociedade”, contra “os mesmos elementos”, que neste instante “manifestam-se agora contra a Justiça, a democracia e o estado de direito”.

O movimento nasceu em reação ao ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para domingo (25) na avenida Paulista. O grupo denuncia o golpismo do ex-chefe do Executivo e reitera o apoio incondicional à democracia e ao Estado de Direito ainda ameaçados por movimentos liderados pelo ex-mandatário e os seguidores dele.

“OVERDOSE DE DEMOCRACIA”

“De overdose de democracia só morrem os ditadores”, disse Cezar Brito, que abriu e conduziu o ato no Salão Verde. “Nós não queremos mais que o Brasil viva o período nefasto que tivemos em 1964 e que queriam voltar agora no dia 8 de janeiro. Daí a escolha do Parlamento para fazer a coletiva”, disse.

“Porque o Parlamento é a casa do povo. O Parlamento é a voz da sociedade. E o Parlamento é a instituição mais violada durante as ditaduras. O Congresso foi fechado por diversas vezes. O Congresso foi agredido no dia 8 [de janeiro de 2023]”. É por isso este manifesto”, acrescentou Brito.

“DEFENDER A DEMOCRACIA”

“Estamos aqui para defender a democracia social, que está incorporada na Constituição de 1988”, disse o advogado Aldo Arantes, ex-constituinte e membro da direção nacional do PCdoB.

“Essa democracia está ameaçada pelo neoliberalismo, que tenta cortar direitos econômicos, políticos e sociais, para [tentar] impor a lógica do mercado”.

“E que utilizou no passado, do autoritarismo, para impor essas alterações. Mas hoje nós vivemos também dimensão grave de ameaça à democracia, que continua, que são as redes sociais [e por meio das quais propagam] as fake news”, acrescentou Arantes.

“Essas fake news são utilizadas pela extrema-direita para ameaçar a democracia”, lembrou o ex-constituinte. Aldo Arantes lembrou ainda do projeto de lei (PL 2.630/20), relatado na Câmara pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

FEDERAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA

O líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), e a do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), estiveram no ato representando a Federação Brasil da Esperança, que inclui ainda o PV.

Cunha conclamou à sociedade permanente vigilância, a fim de defender o “Estado Democrático de Direito”. “Vamos nos insurgir contra todas e quaisquer iniciativas que busquem atingir as instituições do Estado brasileiro. Queremos uma democracia forte, para isso [é necessário] a manutenção dessa vigilância permanente.”

Jandira exortou a defesa permanente “daquilo que são os preceitos constitucionais” da República. Ela criticou ainda o movimento da extrema-direita na Casa que colheu assinaturas “contra o presidente Lula, achando que o impeachment tem alguma possibilidade: sem crime de responsabilidade nenhuma”.

QUEM ASSINA

O documento é assinado por representantes da sociedade civil, parlamentares, juristas, lideranças de diversos movimentos populares, organizações sociais e partidos políticos, “comprometidos com a defesa do Estado de Direito, da justiça e dos direitos fundamentais”.

E “expressam publicamente seu apoio incondicional à democracia como sistema político essencial para a proteção e promoção dos direitos humanos, das liberdades e garantias previstas na Constituição do Brasil”.

M. V.

Leia quem assina o manifesto:

ABJD (Associação Brasileira de Juristas pelas Democracia)

Uneafro Brasil

Instituto de Referência Negra Peregum

Grupo Prerrogativas

AJD

Associação Juízas e Juízes para a Democracia

Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos)

CBJP (⁠Comissão Brasileira de Justiça e Paz)

CJP-DF (⁠Comissão Justiça e Paz de Brasília)

⁠Centro Popular de Formação da Juventude – Vida e Juventude

Nuances – grupo pela livre expressão sexual

Fenajufe (Federação Nacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Poder Judiciário da União e MPU)

CPT (Comissão Pastoral da Terra)

ADJC (Associação dos Advogados e Advogadas pela Democracia Justiça e Cidadania)

Vida & Justiça

Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da COVID-19

CMP

Central de Movimentos Populares

CTB

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

CUT

Central Única dos Trabalhadores

Contraf Brasil (Fetraf)

Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil

Cebrapaz

Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

Conam

Confederação Nacional das Associações de Moradores

CNTE

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação

CPP

Conselho Pastoral dos Pescadores

Conen

Coordenação Nacional de Entidades Negras

FUP

Federação Única dos Petroleiros

Feed

Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito

Inesc

Instituto de estudos socioeconômicos

Levante

Levante Popular da Juventude

MMM

Marcha Mundial das Mulheres

Afronte

Juventude PSol

NINJA

Mídia Nínja / Movimento Fora do Eixo

MCP

Movimento Camponês Popular

MMC

Movimento de Mulheres Camponesas

MTD

Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos

MBP

Movimento Brasil Popular

MAB

Movimento dos Atingidos por Barragens

MTST

Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto

MTC

Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do campo

MST

Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais sem Terra

MNLM

Movimento Nacional de Luta por Moradia

Rua

Juventude anticapitalista

MNU

Movimento Negro Unificado

PCdoB

Partido Comunista do Brasil

PSol

Partido Socialismo e Liberdade

PT

Partido dos Trabalhadores

PBP

Projeto Brasil Popular

RNMP

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares

UBM

União Brasileira de Mulheres

Ubes

União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

UJS

União da Juventude Socialista

Unegro

União de Negros pela Igualdade

UNE

Uniao Nacional dos Estudantes

Conaq – Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos

MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores

COLETIVO POR UM MINISTÉRIO PÚBLICO TRANSFORMADOR – TRANSFORMA MP

COMUNEMA coletivo de mulheres negras Maria Maria – Altamira – PA

Centro de formação do negro e negra da transamazônica Xingu – PA

Movimento Moleque – RJ

Juventude Travessia

Brigadas Populares

Movimento de Trabalhadores Sem Direitos

Juventude Manifesta

AMPARAR – Associação de Amigos/as e familiares de presos/as – SP

Instituto Ganga Zumba – ES

Quilomba Nzinga’S LésBiTrans Brasil – SP

Aos Brados!! A vivência digna da sexualidade – SP

Ipeafro – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros

Grupo de Mulheres Felipa de Sousa – RJ

UNIperiferias

Centro Ecumênico de Cultura Negra – Cecune – RS

Coletivo Feminista Classista Antirracista Maria vai com as Outras – Santos SP

Instituto Coletivo Black Divas Paraná

UNMP

União Nacional por Moradia Popular

PVNC – Pré-Vestibular para Negros e Carentes – RJ

ONDJANGO Núcleo de Estudos Afrobrasileiros – RJ

Associação Educacional Cultural Assistêncial Ogban AfroBrasileira

Coletivo Afrikan Power Representatividade

Rede Sapatà

Associação de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade

Frente Estadual Pelo Desencarceramento de Minas Gerais

Orgulho Crespo – Londrina

Pagode na Disciplina – Jd. Miriam- São Paulo

MNU-Acre

CDDHEP Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular – Acre

UNMP – União Nacional por Moradia Popular”

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