Cobap organiza audiência para combater ataque à Previdência

Audiência pública contou com a presença da Anfip e do deputado federal Arnaldo Faria de Sá

A Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) realizou nesta segunda-feira, 9, uma audiência pública em sua sede em São Paulo para debater “Os abusos da reforma da Previdência”.

A audiência foi uma iniciativa da Confederação para rebater os argumentos do governo Temer de que a reforma é inevitável e a Previdência pública é deficitária. Conduzida na forma de um debate, a audiência contou com a presença do presidente da Anfip (Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal) Floriano Sá Neto, do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), do ex-ministro da Previdência Carlos Eduardo Gabas, e também do representante da Casa Civil do Governo Federal, Bruno Biaco Leal, que defendeu a reforma.

Warley Martins, presidente da Cobap, iniciou a audiência destacando a ação da entidade junto ao deputado Arnaldo Faria de Sá e ao senador Paulo Paim na condução da CPI da Previdência no Congresso. “Estamos cada vez mais trabalhando em cima dessa CPI e contra a reforma da previdência e agora precisamos reforçar nossa unidade e impedir que ela avance. Deixamos passar a reforma trabalhista, a terceirização e agora, se não nos mobilizarmos, vão passar a reforma da previdência. É isso o que o governo quer e nós temos que nos unir. Não vamos deixar uma maldade dessas acontecer, condenar os pobres a trabalharem até a morte”.

Já o representante do governo Leal alegou que o governo gasta demais com a Previdência, que é o maior gasto da União, e que daqui a alguns anos não haverá mais dinheiro para pagar aos aposentados. Todos argumentos que a CPI rebateu nos últimos meses. Como pontuou Floriano, “não conheço profundamente as contas do TCU, mas com certeza essas contas não vão bater com as do governo, porque o governo ora fala que o rombo é de R$ 257 bilhões, e logo depois os números já são outros. Se o governo não acerta o que vai acontecer no ano seguinte, que dirá em 2060! Não tem como acreditar nessas premissas atuariais porque elas não existem, ou se existem são mal feitas”.

A Anfip, a organização “auditoria Cidadã da Dívida”, a OAB, a Anamatra e diversas outras entidades já estiveram presentes em audiências na CPI da Previdência, com estudos e pesquisas que mostram que não existe razão para aplicar essas novas regras de aposentadoria: 25 anos de contribuição mínima comprovada para ter acesso ao benefício – tanto no meio urbano quanto rural –, sendo 49 anos de contribuição para ter acesso ao benefício integral; idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens; pensão por morte de 50% do salário do falecido mais 10% por dependente (limitado a até 4 filhos, apenas enquanto estes forem menores), além de outras atrocidades.

O representante do governo insistiu ainda no argumento de que as pessoas mais pobres se aposentam por idade, e não por tempo de contribuição, causando “prejuízos” à Previdência. Floriano rebateu apontando que “está certo, quem recebe um salário mínimo, na maioria, se aposenta por idade. Isso porque não consegue comprovar o tempo de contribuição. Agora vocês imaginem passar de 15 anos, como é agora, para 25. Quem é que vai conseguir se aposentar? Ninguém. Então a PEC do jeito que está hoje, até isso, impossibilita a aposentadoria por idade”.

O deputado Arnaldo Faria de Sá também rebateu alguns argumentos, e aproveitou para falar que o problema da Previdência não está na quantidade de aposentados, mas que “eles roubaram mesmo. Roubaram a Petrobrás, tudo, e agora falam em adequar. Tem é que acabar com a roubalheira. O que os bancos querem é e acabar com a Previdência pública para colocar tudo na privada”, denunciou (leia mais na matéria abaixo).

Floriano pontuou, da mesma forma, que o governo foca apenas em buscar diminuir as despesas da Previdência, enquanto que poderia focar em aumentar a sua arrecadação: “Em 2016 as renúncias previdenciárias somaram R$ 146 bilhões. Como entrar na discussão de reformas da Previdência sem tratar das receitas? É unicamente na área das despesas? Isso mostra que a reforma, por parte do governo, tem só um objetivo, que é diminuir os gastos previdenciários. Não tem nada na área de receitas, que melhore a fiscalização, a cobrança dos devedores”, concluiu.

MANIFESTAÇÃO

Ainda como parte da mobilização da Cobap contra a reforma, a entidade está organizando no próximo dia 9 de novembro uma grande manifestação no centro de São Paulo. O ato unirá representantes dos movimentos sociais e centrais sindicais, e também fará parte da campanha de abaixo-assinado pela revogação da reforma trabalhista de Temer.

“Desse jeito eles vão acabar com o nosso país. Já acabaram com o Rio de Janeiro. Ano que vem tem eleições. Sabemos que temos alguns deputados que não podem nunca sair do Congresso, mas nós sabemos que a grande maioria não vale o chão que pisam. Quem elege os deputados somos nós, mas eles querem deixar cada vez pior para o nosso lado, por isso vamos às ruas denunciar. Esses canalhas não podem nunca mais pisar no Congresso, muito menos como representantes do povo”, ressaltou Warley.

“Querem é livrar a cara dos maiores devedores da Previdência e descontar no trabalhador”, diz dep. Faria de Sá

Durante audiência sobre a Reforma da Previdência, realizada pela Cobap, o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PDT-SP) denunciou os muitos devedores do INSS, que têm dividas monstruosas mas não pagam e nem são cobrados pelo governo: “Está sendo aprovado o Refis, que vai livrar a cara de toda essa cambada que está devendo para a Previdência Social. E ainda tem o Refis dos estados e municípios e do setor rural. Ninguém paga”, disse se referindo ao programa que permite aos grandes devedores da previdência renegociarem a dívida.

Faria de Sá também alertou para tentativa de aprovação da reforma a qualquer custo, contra a vontade do povo e sem diálogo. “Eles vão vir pesado, vão tentara aprovar na marra, vão tentar aprovar no grito. O governo pode não ter voto, mas tem dinheiro. Compram todos e se não formos para cima vamos ter problemas”, denunciou, alertando que os aposentados do Brasil podem impedir essa crueldade, com mobilização e pressão.

O deputado ainda ressaltou que “vamos mostrar o quanto esses caras devem para a Previdência social e denunciar que se existe alguma falta de recurso, está centrada principalmente nos devedores. Não vamos permitir que continuem com esse roubo. Praga neles!”, completou Faria de Sá.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *