Cérebro plano

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que está sendo investigado pela CPI Mista das Fake News por denúncias de usar computadores do seu gabinete para disseminação de notícias falsas, foi às redes sociais para atacar a comissão.

Porém, a tentativa atabalhoada de desacreditar o colegiado esbarrou na ignorância em aritmética. Veja o que escreveu o 03 no Twitter:

“CPMI dos Memes já teve 188 requerimentos aprovas (sic), sendo:

147 da oposição (PT e cia)

25 dos governistas

15 oitivas realizadas:

– 23 a pedido a pedido da oposição

4 a pedido dos governistas

A CPMI tem como papel fazer o 3º turno das eleições e tentar valer a narrativa de gabinete do ódio”.

A mensagem da matemática estapafúrdia de Eduardo Bolsonaro foi divulgada pelo site O Antagonista.

A mensagem de Eduardo Bolsonaro. Reprodução

Com relação a requerimentos aprovados, o resultado da soma de 147 com 25 não é, evidentemente, 188 como pretende o parlamentar. O número correto é 172. Eduardo Bolsonaro também diz que foram realizadas 15 oitivas – segundo seus cálculos o resultado da soma de 23 reuniões realizadas a pedido da oposição e 4 requeridas por governistas. Bem, a conta dispensa comentários.

As contas de Eduardo estão em sintonia com as teses em voga entre bolsonaristas e outros que tentam “provar” que a Terra não é redonda, e sim plana.

O imbróglio matemático parece mais resultado da situação do deputado nas investigações, depois que alguns perfis agressores em redes sociais foram associados a computadores do seu gabinete parlamentar na Câmara dos Deputados. A CPMI apura se esses computadores foram usados para “propagar difamações” contra adversários políticos da família Bolsonaro.

Um documento encaminhado neste mês pelo Facebook (empresa que administra a rede Instagram) revela que o perfil “@Bolso_Feios” foi criado a partir de um IP (número de identificação de um computador na internet) registrado na Câmara dos Deputados. O e-mail usado para o cadastro do perfil é de um assessor de Eduardo Bolsonaro.

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) quer que Facebook, Instagram e Twitter identifiquem todas as contas vinculadas a e-mails e telefones relacionados ao gabinete do parlamentar.

Ela também solicita o acesso a todo o conteúdo publicado pelos perfis.

Já a relatora da comissão, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), apresentou um requerimento para que a plataforma Google transfira informações sobre o e-mail usado pelo assessor parlamentar.

Além disso, ela pede que a Diretoria de Inovação e Tecnologia da Informação da Câmara preste “informações detalhadas” sobre o uso da internet em computadores registrados no gabinete de Eduardo Bolsonaro.

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