Calero: “o filho na embaixada dos EUA é o fim da picada, uma indecência”

 “É inaceitável, não corresponde às melhores tradições diplomáticas do Brasil”, afirmou o diplomata e deputado do Cidadania

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) afirmou que a nomeação de Eduardo Bolsonaro pelo pai para a embaixada brasileira nos EUA é “uma prática nepotista própria da velha política”.

Para o deputado, “isso é inaceitável”. “Isso é o fim da picada, é uma indecência, uma imoralidade”.

O parlamentar classificou ainda a indicação como uma “insistência de Bolsonaro em produzir crises”.

Calero comentou, em discurso na Câmara, na terça-feira (16), que “o Itamaraty tem quadros técnicos gabaritados e qualificados o suficiente. O presidente não precisa nomear o seu filho”.

“Eu, que sou diplomata de carreira, sei do que estou falando. É inadmissível que o Brasil seja comparado a uma república bananeira, em que o presidente da República nomeia o seu filho como embaixador nos Estados Unidos”, completou.

Calero, que além de diplomata de carreira foi ministro da Cultura (2016), finalizou dizendo que a nomeação do filho de Bolsonaro “é inacreditável e não corresponde às melhores tradições diplomáticas do Brasil”.

O parlamentar começou seu discurso repudiando a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de suspender todas as investigações que têm provas trazidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A medida de Toffoli atendeu pedido do filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), investigado junto com seu ex-motorista Fabrício Queiroz por movimentação financeira suspeita e ilegal.

“Não preciso falar do impacto dessa decisão em milhares de processos judiciais, muitos deles, uma maioria, de combate à corrupção. Esse é um duro golpe que o país mais uma vez sofre nessa tarefa árdua que nós temos de combater os malfeitos. É realmente uma lástima que a gente viva de novo esse momento de um verdadeiro ataque ao combate à corrupção”, disse Calero.

O Coaf identificou movimentações financeiras suspeitas de Queiroz e Flávio Bolsonaro (então deputado estadual) que chegaram a R$ 7 milhões entre 2014 e 2017. Só na conta de Flávio Bolsonaro, foram feitos 48 depósitos em dinheiro, no total de R$ 96 mil. Todos os depósitos eram iguais: R$ 2 mil.

Fabrício Queiroz está misteriosamente desaparecido há meses.

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