Amigo dos Bolsonaros volta ao governo após demissão por usar avião da FAB

Após ter sido exonerado no final de janeiro por ter utilizado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viagens à Suíça e à Índia, o ex secretário-executivo da Casa Civil, José Vicente Santini, está de volta ao governo.

Ele ganhou um cargo no Ministério do Meio Ambiente, com salário de R$ 13.623,39.

Na época, com o então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em férias nos Estados Unidos, Santini viajou para uma reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça e em seguida, para a Índia. Ele chegou a dar “carona” para duas assessoras, enquanto outros ministros viajaram em voo comercial.

À época, após o caso vir à tona e a repercussão ter sido bastante negativa, Bolsonaro encenou uma grande indignação e classificou o episódio como “inadmissível”, disse que o uso da aeronave não era “ilegal”, mas “imoral”.

Santini, que chegou ao governo com respaldo da família Bolsonaro por ter amizade desde a infância com os filhos do presidente, agora será assessor especial do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A nomeação foi publicada quarta-feira (16) no Diário Oficial da União.

Amigo dos filhos de Bolsonaro, JoséVicente Santini assumiu o cargo de secretário-executivo da Casa Civil quando o antigo ocupante do posto, Abraham Weintraub, foi indicado para ser ministro da Educação, em abril de 2019.

Ainda em janeiro passado, menos de 24 horas depois de sua exoneração, o governo já havia tentado realocá-lo para o cargo de assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. O salário desta função era de R$ 16.944,90 mensais, cerca de R$ 300 a menos que o anterior.

Porém, após nova polêmica, Bolsonaro decidiu tornar sem efeito a nomeação. Antes disso, ao anunciar que Santini deixaria o cargo de secretário-executivo da Casa Civil, Bolsonaro não havia excluído a possibilidade dele ocupar outras funções no governo federal, mesmo reconhecendo que o uso da aeronave da FAB tinha sido “completamente imoral”.

Ao abrir uma investigação contra Santini pelo uso do jato, o subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Furtado, chamou de “imoral” a viagem com avião da FAB à Índia. No documento, ele pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que fosse criada uma tomada de contas especial “pelo dano causado ao erário por ato flagrantemente antieconômico”.

“Ato flagrantemente imoral e antieconômico!!! Nada obstante, entendo que, ante a imoralidade do fato e o seu indubitável caráter antieconômico, reconhecidos pelo próprio Presidente da República, o caso requer a imediata atuação do TCU, com vistas a conhecer e avaliar a utilização de aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte do Sr. Vicente Santini — então Secretário Executivo da Casa Civil — e mais duas assessoras, de Davos (Suíça) à Nova Déli (Índia), embora pudessem ter optado por voo comercial, sem prejuízo de que seja determinada a instauração da competente tomada de contas especial”, versava um trecho do documento.

Santini foi alvo ainda de ação popular movida pelos deputados federais Enio Verri (PT-PR) e Paulo Pimenta (RS).

Os processos, entretanto, foram encerrados sob alegação de não apontarem irregularidade pelo uso da aeronave. O caso também foi arquivado em junho pela Comissão de Ética Pública da Presidência (CEP) por “ausência de indícios de materialidade de conduta não compatível com a ética pública”. O relator foi o então membro da CEP, Milton Ribeiro, que no dia 10 de julho foi indicado ministro da Educação.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *