Amazônia preocupa Europa e Mourão diz que por isso acordo Mercosul-UE “começa a fazer água”

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o “grande esforço” feito pela aprovação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia (UE) “parece que começa a fazer água”.

Para ele, “temos de ter uma equipe em condições de negociar permanentemente não só com nossos parceiros do Mercosul, mas também com a União Europeia”.

Em live feita com entidades ligadas ao comércio, Mourão não citou qualquer problema que envolvesse o Brasil na negociação, apenas os da Argentina.

Mourão afirmou que uma “crise continuada”, o aumento no número de casos de Covid-19 e atrasos na licença para venda de automóveis na Argentina têm preocupado os europeus.

“Esses problemas se apresentam [na Argentina] neste momento em que o grande esforço que foi feito, no ano passado, na articulação do acordo entre Mercosul e União Europeia parece que começa a fazer água”.

Mas é a questão do desmatamento e das queimadas na Amazônia que tem preocupado os europeus. O parlamento Holandês já aprovou um documento opinando contra o acordo com o Mercosul e colocando a preservação da Amazônia como problema fundamental.

A porta-voz da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, disse que ela tinha expressado “sérias dúvidas” sobre firmar o acordo, também por conta da devastação da Amazônia.

O acordo do Mercosul com a União Européia é contestado e apontado como prejudicial para os países da região sul-americana.

Durante a live, Mourão disse que a imagem do Brasil está manchada internacionalmente não pelo aumento desenfreado do desmatamento e das queimadas na região, mas por “alguns preconceitos” que precisam ser “desmistificados”.

Em outra live, feita pelo Canal Rural, disse que o Brasil não é o “vilão” da preservação ambiental e que as queimadas são “agulha no palheiro”.

“O dado do dia 26 de agosto é que nós tínhamos 24 mil focos de calor na Amazônia Legal. Ora, minha gente, a Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados. Os 24 mil focos de calor significa que tem um foco de calor a cada 200 quilômetros quadrados. Isso é agulha no palheiro”, disse o vice-presidente de Jair Bolsonaro.

Os especialistas rebateram a fala do vice-presidente.

Em 2019, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificou 89.176 focos de incêndio na Amazônia. O crescimento em relação a 2018 foi de 30,5%.

Em julho de 2020, foram identificados 6803 focos. O crescimento em relação a 2019 foi de 28%.

“É surreal a forma como isso é colocado para as pessoas, como se a floresta inteira estivesse pegando fogo e tivesse ardendo”, disse Mourão.

Segundo o vice-presidente, “nós temos de dialogar com todos os parceiros econômicos, independentemente de orientação ideológica”. “Sem preconceitos. A única preocupação que devemos ter é de não prejudicar nosso país e nossa população”.

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