A TEIA DA ARANHA DOURADA – Episódio 12

No episódio 11, Alfredo tenta conversar Sabrina a “interpretar” a Tatá, irmã do senador Cheiroso que foi presa, acusada de corrupção ativa.

Episódio 12

(Senador Cheiroso ao celular)

— Paçoca… tá complicado, difícil de segurar. Me deram uma facada pelas costas, entende?

(Em tom lamentoso, fala o senador Paçoca).

— Não é mole, compadre. Ninguém podia imaginar que ia dar uma merda dessas. E o ministro?

— O ministro? O ministro é bagre ensaboado, você sabe. (A emoção faz a voz do senador Cheiroso desafinar) — Liguei muitas vezes, deixei recado e nada.

— Calma, Chefe, calma. Não vai fazer besteira, hem? O ministro é dos nossos, deve ter motivos pra ficar na moita.

— É, pode ser. Mas tá passando dos limites. Eu não posso aceitar que Tatá fique presa como uma bandidazinha de favela num presídio, porra! Não consigo engolir isso. Quero saber quem é o filho da puta que deu essa ordem. Traíra desgraçado! Eles jogando o nome da nossa família na lama!

— Perdemos o controle, compadre — diz Paçoca, preocupado.  — Essa Lava Jato ganhou vida própria. Eles acham que podem tudo. Querem atropelar todo mundo. A gente tem que abrir o olho porque um juiz maluco desses pode até querer nos enquadrar.

— O ministro tem que fazer alguma coisa, ele tá vacilando. (Cheiroso está quase chorando de raiva)— Sempre garantiu que tinha a turma toda, juízes, supremo, o cacete, no “bolso do colete”. Agora me acontece essa cagada e sobra logo pra minha irmã, porra!

(Paçoca nota o desatino do parceiro e tenta amenizar)

—Compadre, num adianta estressar, tem que segurar a bronca. Gosto muito da Tatá também, mas não podemos fazer nada por ela nesse momento. É claro que seus advogadosestão correndo atrás, mas, você sabe, o coringa do baralho é o ministro. Tenho certeza que ele vai dar um jeito.

— “Dar um jeito”, Paçoca, “dar um jeito”. Imagina se é você que tá lá na jaula?!

— É, é foda, uma desgraça completa.

—  Tô arrasado, fudido mesmo. Acho que minha vida política foi pro saco.

— Relaxa, Chefe, não é bem assim, a tempestade vai passar.

— Não queria… não queria falar nisso, mas preciso desabafar…

— Fala, compadre, fala que vai te fazer bem.

— É que ontem eu… eu tive um pesadelo do caralho. Sonhei que tava sendo preso, sendo levado pela Polícia Federal, o maior mico, ia algemado, de camburão e tudo, pode?

 

Fim do Episódio 12

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