Jungmann: “milícias ameaçam a democracia e têm que ser enfrentadas”

O ex-ministro Raul Jungmann, que ocupou as pastas da Defesa e da Segurança Pública, afirmou que a influência cada vez maior de milícias e facções criminosas na política representa uma ameaça à democracia.

“No limite, as milícias representam um risco à democracia ao entrar na política. E, também, pelo fato de elegerem bancadas do crime. Para representar a população? Não. Mas, sim, para exercer a sua vontade, a sua preocupação que é exatamente de expandir seus lucros criminosos e defender as suas bases criminosas”, disse.

Segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, apresentador do programa GloboNews Política, Jungmann, em entrevista ao canal, adverte que as milícias já financiam a eleição de “bancadas do crime”.

O ex-ministro observou que, como as milícias controlam o território, elas controlam os votos das pessoas que vivem sob o jugo do regime imposto por elas.

“Isso quer dizer que ela pode eleger aliados dela, ou então, vai eleger os seus representantes. Forma-se, então, uma bancada do crime dentro de um Legislativo, seja municipal, seja estadual ou mesmo com representantes no Congresso Nacional”, apontou.

Ele adverte para os riscos dessa relação entre políticos e milícias: “Se a milícia dá votos para alguns políticos e recursos, os políticos dão cobertura para as atividades. A partir daí, a milícia e seus representantes vão se espalhando pelos outros órgãos. Porque a milícia e a bancada do crime não vão indicar apenas para Segurança Pública. Vão indicar para o Executivo, para o Judiciário, para o Ministério Público e assim por diante”.

Para Jungmann, o que já é uma realidade no Rio de Janeiro começa a se espalhar pelo país.

“Por que se dá isso? De um lado, as milícias têm recursos e votos para colocar à disposição do sistema político, dos políticos. E os políticos, que é o caso específico no Rio de Janeiro – mas também em outros estados – dão cobertura, blindam essas milícias para que elas continuem atuando”, explicou.

“Então, isso cria uma situação em que você fortalece um sistema paralelo dentro do próprio Estado. E isso representa uma ameaça para a democracia que tem que ser enfrentada. Mas para isso é preciso articulação [de] Judiciário, Ministério Público, governo federal, governo estadual e município. O que infelizmente, não tem acontecido até aqui”, ressaltou.

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