“Conceder anistia a quem perverte a democracia afronta a Constituição”, afirma Celso de Mello

O STF tem que barrar esse projeto, pois “ofende postulados constitucionais protegidos por cláusulas pétreas, tanto de natureza explícita quanto de caráter implícito”, explicou o ex-ministro do STF

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, afirmou que a proposta de anistia para os golpistas defendida pelos bolsonaristas é proibida pela Constituição Federal e, caso aprovada no Congresso, deve ser barrada pela Corte.

As declarações do ex-ministro estão artigo no ICL Notícias.

“Profanadores da República e conspurcadores da democracia constitucional, como todos aqueles que se envolveram na organização, na coordenação, no planejamento, no financiamento e na execução dos atos criminosos a que se refere o projeto de lei mencionado, apoiado por lideranças políticas que buscam conceder-lhes anistia, não são dignos nem passíveis de merecer esse benefício da clemência soberana do Estado, porque a tanto se opõe a autoridade suprema da própria Constituição”, escreveu o ex-ministro.

A proposta de anistiar quem atacou o Estado Democrático de Direito “ofende postulados constitucionais protegidos por cláusulas pétreas, tanto de natureza explícita quanto de caráter implícito”, explicou Mello.

Celso de Mello destaca que a proposta de anistia “representa, em sua essência, um novo, inaceitável e ultrajante vilipêndio contra o Estado de Direito e a supremacia da ordem constitucional”.

“Conceder anistia a quem perverte a democracia e subverte o Estado de Direito traduz ato que afronta e dessacraliza, uma vez mais, a soberana autoridade da Constituição da República”, continuou Celso de Mello, que foi ministro do tribunal até 2020.

A avaliação do ex-ministro é que o Congresso Nacional não pode anistiar criminosos em cenários como o de ofensa ao princípio da separação de poderes ou “se medida tiver por finalidade beneficiar qualquer pessoa que haja ofendido ou desrespeitado os cânones inerentes à democracia constitucional”, entre outros cenários.

O Supremo já decidiu que a concessão de anistias é “plenamente suscetível de controle jurisdicional”, que o Poder que está concedendo a anistia “não pode transgredir o postulado da separação de poderes” e “não pode beneficiar quem houver atentado contra o Estado Democrático de Direito”.

O grupo bolsonarista no Congresso Nacional está tentando aprovar a anistia para os criminosos envolvidos na tentativa de golpe.

A parte mais radical quer que essa anistia seja “ampla, geral e irrestrita”, servindo até mesmo para salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado pelo STF. Já outra parte tenta anistiar os condenados que estiveram presentes no ataque de 8 de janeiro de 2023.

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Uma resposta

  1. Não haverá anistia para quem atentou contra o Estado Democrático de Direito e o chefão não venha dizer que está com a saúde abalada porque enquanto não foi decretada sua prisão domiciliar quase toda semana estava participando de motociata ou de comícios atacando as pessoas e instituições e o pior com mentiras e falsas informações que é praticada por toda extrema direita e continuam mentido muito. Portanto, todo rigor da lei para todos aqueles que praticaram delitos contra o Estado Democrático de Direito, a verdade acima de tudo e a Constituição acima de todos.

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