Até aliados bolsonaristas podem ter sido monitorados pela “Abin paralela”

Paranoias do ex-presidente e do filho “02”, durante mandato presidencial, motivam tais suspeitas

A possível revelação de nomes monitorados pelo esquema de espionagem ilegal na Abin (Agência Brasileira de Informações) tem causado pânico no núcleo da família Bolsonaro.

A razão para tanta preocupação é o medo de que seja tornado público que não apenas opositores eram espionados, mas, também, aliados e amigos.

A informação foi publicada pela jornalista Andréa Sadi, no blog dela, no g1. Segundo o blog, a PF (Polícia Federal) analisa lista com cerca de 1,5 mil monitoramentos ilegais.

Nos bastidores, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não descartam a possibilidade de terem sido espionados ilegalmente.

TEORIAS DE CONSPIRAÇÃO

O comportamento paranoico do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), com o pai, Jair Bolsonaro, durante o mandato presidencial, criando série de teorias de conspiração, motiva tais suspeitas.

É fato notório que Bolsonaro desconfiava até da própria sombra, começando pelo próprio vice-presidente, Hamilton Mourão. Em 2020, Mourão chegou a colocar o cargo à disposição do então presidente, cansado da desconfiança de Bolsonaro.

Aliados avaliam que o clima de desconfiança geral era alimentado pelas “paranoias” de Carluxo, como é conhecido Carlos Bolsonaro.

TEMOR NO ENTORNO BOLSONARISTA

A análise de computador apreendido no gabinete do “02” pela PF causa temor no entorno bolsonarista.

O blog, ainda, afirma e informa que uma das estratégias da defesa do clã Bolsonaro vai ser dizer que o assessor que levantou alguma informação fez sem consentimento do vereador e que a “Abin paralela” teve aval do general Augusto Heleno, que foi intimado a depor na PF.

A Abin, na estrutura do governo federal, era subordinada ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que sob Bolsonaro tinha como ministro-chefe, o general Augusto Heleno.

O QUE É A ABIN

A Agência foi criada, em 7 de dezembro de 1999, pela Lei 9.883/99, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, para substituir o extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) — responsável por atividades de informações e contrainformações — durante a ditadura militar.

O processo de criação da Abin começou em 1995. Naquela época, houve discussão se a agência produziria inteligência sobre atuações de outros países que pudessem impactar a segurança nacional ou se deveria realizar ações de inteligência também contra grupos nacionais.

Acabou prevalecendo essa segunda opção, conforme a proposta desenhada pelo general Alberto Cardoso, apontado por FHC como responsável por produzir o arcabouço institucional da futura agência.

O QUE É O GSI

O GSI/PR (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) é o órgão do governo brasileiro responsável pela assistência direta e imediata ao presidente da República, no assessoramento em assuntos de segurança.

A Lei 13.844, de 18 de junho de 2019, estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios. Dentre as competências instituídas para o GSI estão:

“IV – coordenar as atividades de segurança da informação e das comunicações no âmbito da administração pública federal; e

V – planejar, coordenar e supervisionar a atividade de segurança da informação no âmbito da administração pública federal, nela incluídos a segurança cibernética, a gestão de incidentes computacionais, a proteção de dados, o credenciamento de segurança e o tratamento de informações sigilosas.”

O SERIA A “ABIN PARALELA”

A PF apontou a existência de organização criminosa de maior amplitude no “núcleo político” da Abin, durante a gestão do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL (Partido Liberal) pelo Rio de Janeiro.

A informação atribuída à PF é apontada na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autoriza a operação realizada, na última segunda-feira (29), contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho “02” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), Carlos Bolsonaro fazia parte desse “núcleo político”. A defesa do vereador nega (aquela negativa protocolar), e diz que não teve acesso aos autos e que a operação é baseada em apenas troca de mensagem.

Na decisão de Moraes, consta que a “Polícia Federal aponta que a organização criminosa identificada na Abin era, potencialmente, uma das células de organização criminosa de maior amplitude, cuja tarefa primordial era realizar a ‘contrainteligência’ de Estado”.

Para isso, havia o desvirtuamento de função da agência e do software israelense FirstMile, que foi usado para espionar autoridades, adversários políticos do governo Bolsonaro, e até, admite-se, aliados.

M. V.

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