Enfraquecidos pelos juros altos, 10 de 15 parques industriais não crescem em abril, destaca Iedi

Além de um número maior de ramos ficar no vermelho, queda na produção regional foi majoritária

No mês de abril, além da produção industrial nacional recuar 0,6% frente a março, “não apenas um número maior de ramos ficou no vermelho em comparação com meses anteriores, como uma parcela majoritária dos parques industriais regionais não conseguiu crescer”, destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ao analisar os dados da Pesquisa Industrial Mensal Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (13). Do total de 15 locais pesquisadas, 10 registraram quedas, com destaque para o Amazonas (-14,2%), Pernambuco (-5,5%), Ceará (-3,7%) e Minas Gerais (-3,0%).

São Paulo, que possui o maior parque industrial do país, registrou queda de -0,2%, “o suficiente para eliminar seu único resultado positivo no ano (+0,2% em mar/23)”, apontou o Iedi, que prosseguiu. “Em relação ao quadro de 2022, porém, a indústria paulista acumula declínios persistentes e sempre mais intensos que o agregado nacional”.

A indústria de São Paulo caiu -3,6% frente a abril do ano passado, acumulando queda de -3,2% nos quatro primeiros meses do ano. “O triplo da intensidade do recuo da indústria nacional (-1,0%)”, ressaltou a entidade.

Entre os ramos da indústria paulista que obtiveram os piores resultados nos quatro primeiros meses deste ano (janeiro a abril), estão: Equipamentos eletrônicos e de informática (-33,2%), máquinas e equipamentos (-10,4%), minerais não metálicos (-12,5%), extrativa (-12,6%) e metalurgia (-9,7%).

A Região Nordeste (-2,4%), Paraná (-2,2%), Rio de Janeiro (-1,8%), Goiás (-1,5%) e Espírito Santo (-1,2%) foram outros locais que também apresentaram quedas mais intensas do que a média da produção nacional.

Pelo lado das altas, a indústria do Rio Grande do Sul teve o principal crescimento. O estado gaúcho marcou a segunda taxa positiva consecutiva, acumulando alta de 8,1% em março e abril. Porém, “a indústria gaúcha é quem acumula a queda mais intensa: -8,7% em jan-abr/23, sob influência de veículos, metalurgia e produtos de metal, assim como de químicos e de derivados de petróleo e biocombustíveis”, alertou o Iedi.

No sul do país ainda, Santa Catarina acumula de janeiro a abril uma queda de -4,5%, situação essa “associada sobretudo a vestuário, produtos de madeira, metalurgia, minerais não metálicos e produtos de metal. E no Paraná, cuja produção industrial registrou -0,4% em jan-abr/23, com piora no último mês (-0,9% ante abr/22), quedas intensas foram registradas em químicos, máquinas e aparelhos elétricos e produtos de madeira”, disse o Iedi.

Para o Iedi, “as taxas reais de juros em elevação no país explicam muito” o péssimo desempenho da indústria. Enquanto os juros sobem, o crédito recua, os investimentos desaparecem e o consumo das famílias fica estagnado.

Ao analisar o resultado da queda da produção nacional divulgada no início do mês pelo IBGE a entidade destacou: “Além do recuo ter sido mais intenso em abr/23 do que em jan/23 (-0,3%) e fev/23 (-0,2%), o sinal negativo também se mostrou mais espalhado entre seus diferentes ramos. Em jan/23, 44% dos ramos industriais registraram perda, em fev/23 foram 32%, subindo para 64% agora em abr/23. Ou seja, a situação parece estar se complicando para um conjunto maior de atividades industriais”, alertou o Iedi.

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